Rui Rio acusa Costa de "falta de coragem" e aguarda "curioso" pelo que dirá Marcelo

Rui Rio acusa Costa de "falta de coragem" e aguarda "curioso" pelo que dirá Marcelo
| Política
Porto Canal / Agências

O presidente do PSD, Rui Rio, acusou hoje o primeiro-ministro, António Costa, de "falta de coragem" para demitir o ministro das Infraestruturas e disse que aguarda com curiosidade as declarações do Presidente da República.

"Eu julgo que há aqui, da parte do primeiro-ministro, António Costa, uma notória falta de coragem para demitir um ministro, e isto naturalmente fica numa situação profundamente caricata", defendeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

O ainda líder do PSD salientou que o executivo "tem liberdade de agir como bem entende", mas "há uma questão que passa para outro patamar": "o senhor Presidente da República vai falar hoje e eu estou curioso para saber o que é que vai dizer".

"É verdade que, por um lado, ele foi um bocado ultrapassado pelo próprio ministro, e isso é desagradável, mas por outro lado, eu sentir-me-ia incomodado em ter um governo que está em funções há tão pouco tempo, um governo que tem maioria absoluta e, depois de tão pouco tempo, estar já neste estado, principalmente entre dois elementos, primeiro-ministro e ministro, que já vinham de trás, que já se conhecem, que já sabem como cada um deles funciona", destacou.

Questionado sobre se considerava adequada a apresentação de uma moção de censura, Rio recusou essa hipótese, dizendo que "não teria efeito prático" e que não faz sentido fazê-lo a um governo que "está a funcionar há três ou quatro meses".

Rio apontou que num dia o país está perante "um ministro que perentoriamente fazia determinadas afirmações" e hoje "aparece como um cordeirinho a pedir muitas desculpas, a dizer que é normal, as pessoas enganam-se"

"Quer dizer, enganam-se, mas teve um impacto grande aquilo que ele veio dizer sobre um assunto grande também", vincou.

Na quarta-feira, o Ministério das Infraestruturas divulgou que a nova solução aeroportuária para Lisboa passava pela construção de um novo aeroporto no Montijo até 2026 e por encerrar o aeroporto Humberto Delgado, quando estivesse concluído o de Alcochete, em 2035.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, assumiu esta solução em entrevistas à RTP e à SIC Notícias.

Já esta manhã, o primeiro-ministro "determinou ao ministro das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem [quarta-feira] publicado sobre o novo aeroporto da região de Lisboa".

No comunicado, o primeiro-ministro "reafirma que a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação previa ao Presidente da República".

Hoje ao final da tarde, depois de ter estado reunido com António Costa, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, assumiu "erros de comunicação" com o Governo nas decisões que envolveram o futuro aeroporto da região de Lisboa, afirmando que "obviamente" se mantém em funções.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que foi "cometido um erro grave" sobre o novo aeroporto por parte do ministro das Infraestruturas, erro que Pedro Nuno Santos assumiu com "humildade e que foi "prontamente corrigido".

Esta justificação foi transmitida aos jornalistas por António Costa antes de se encontrar com o Presidente de França, Emmanuel Macron, tendo adiantado que não teve aviso prévio do teor despacho do Ministério das Infraestruturas por na quarta-feira se encontrar na cimeira da NATO em Madrid.

Costa manifestou-se certo de que o ministro das Infraestruturas não agiu de má-fé ao anunciar uma solução para o novo aeroporto sem a concertar consigo e considerou que a confiança política está "totalmente restabelecida".

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