Europeus não querem produtos que provocam desflorestação

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 27 jul 2022 (Lusa) -- Cidadãos de cinco países europeus querem que os produtos que compram não provoquem a desflorestação de países terceiros, e são contra o atraso de legislação europeia anti-desflorestação, indicam os resultados de uma sondagem hoje divulgados.

A sondagem, divulgada em comunicado pela associação ambientalista portuguesa Zero, foi feita em cinco países, Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Espanha.

Indica que "apesar da campanha de desinformação do 'lobby' ligado às indústrias alimentares e agrícolas, numa tentativa de atrasar a legislação anti-desflorestação", com a desculpa da guerra na Ucrânia, sete em cada 10 pessoas inquiridas considera que a guerra é usada para continuar a promover produtos que causam a desflorestação.

A Comissão Europeia apresentou uma proposta de regulamento no ano passado para garantir que as cadeias de abastecimento europeias não causam desflorestação e degradação das florestas.

A proposta é discutida na terça-feira no Conselho Europeu, mas segundo um comunicado da Zero há ministros do Ambiente de vários Estados "que estão a ceder ao 'lobby' da indústria" e estão "dispostos a enfraquecer o texto final".

Os resultados da sondagem indicam que quase nove em cada 10 dos inquiridos apoiam o reforço da proposta de regulamento que está em discussão, o que acontece de forma geral, incluindo os apoiantes dos partidos/líderes no poder.

"Os poderosos lobbies da indústria da carne, do óleo de palma e o chocolate estão a exercer pressão política em Bruxelas e nas principais capitais nacionais para diluir uma proposta de regulamento que exigiria garantias por parte das empresas que os produtos vendidos na União Europeia (UE) são livres de desflorestação", diz a Zero.

"Esta sondagem mostra que os cidadãos europeus querem melhorias à proposta da Comissão Europeia (...). Espera-se que o governo português contribua de forma efetiva para a proposta final de regulamento, que seja robusta e decididamente permita combater fenómenos de desflorestação e atentados aos direitos humanos de povos e comunidades a milhares de quilómetros de distância, possibilitando que os produtos que chegam ao consumidor são garantidamente sustentáveis", afirma o presidente da Zero, Francisco Ferreira, citado no documento.

A Europa é um dos maiores motores da desflorestação mundial, apenas atrás da China. A União Europeia é responsável por 16% da desflorestação tropical, através da importação de produtos como carne de bovino, soja, óleo de palma, borracha, madeira, cacau e café e produtos derivados.

A agricultura impulsiona quase 90% da desflorestação tropical, diz a Zero, citando a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

A sondagem foi encomendada por organizações ambientais e foram ouvidas 5.000 pessoas, 1.000 em cada país.

FP // ZO

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