Ucrânia: Conflito deverá fazer aumentar terrorismo na região

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Porto Canal com Lusa

Sidney, 02 mar 2022 (Lusa) -- O conflito na Ucrânia deverá fazer aumentar o terrorismo na Rússia e Eurásia, que foi a região do mundo que registou a maior queda no número de mortes relacionadas com extremismo em 2021, revela um relatório hoje divulgado.

O Índice Global do Terrorismo, divulgado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP, na sigla em inglês), sediado em Sidney, conclui que, apesar de um aumento de 17% no número de ataques no mundo (5.226), o terrorismo fez em 2021 menos 1,2% de vítimas mortais do que em 2020, num total de 7.142 vidas perdidas.

O número de mortes por terrorismo no mundo em 2021 foi um terço do seu ponto mais alto, em 2015.

O IEP, que reúne dados sobre incidentes de terrorismo, mortos, feridos e reféns, refere que, em 2021, dois terços dos 163 países incluídos na análise, ou seja 105, não registaram qualquer ataque terrorista e 119 países não registaram vítimas mortais do terrorismo, o melhor resultado desde que começou a recolher estes números, em 2007.

Além disso, os autores do relatório concluem que 86 países melhoraram a sua classificação no índice, tendo a região da Rússia e Eurásia sido a que mais melhorou, com uma queda de 71% nas mortes relacionadas com terrorismo.

O IEP inclui na região que intitula Rússia e Eurásia 12 países: Rússia, Ucrânia, Tajiquistão, Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldova, Turquemenistão e Uzbequistão.

No entanto, os investigadores do IEP alertam que esta tendência deverá inverter-se em 2022 devido ao conflito em curso na Ucrânia.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

Por causa deste conflito, a Ucrânia deverá ver aumentar o terrorismo no seu território, alertam os autores do relatório, recordando que na crise de 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e apoiou separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, o país registou 69 ataques terroristas.

Esse cenário deverá reverter os ganhos registados na região da Rússia e Eurásia, sublinham os autores do relatório.

Os investigadores manifestam ainda preocupação com o ciberterrorismo, admitindo que esta ameaça possa aumentar a nível mundial devido à guerra na Ucrânia.

O relatório do IEP nota ainda que as motivações políticas do terrorismo ultrapassaram as motivações religiosas no Ocidente, região onde o número de ataques terroristas caiu 68%.

Segundo o fundador e presidente executivo do IEP, Steve Killelea, "o declínio do terrorismo no Ocidente coincidiu com a pandemia de covid-19".

"As restrições à liberdade de movimento, às viagens e a ameaça imediata à saúde pessoal poderá explicar parte da queda", afirmou o responsável, citado no relatório, alertando que quando as medidas de contenção da pandemia forem levantadas, poderá haver um aumento do terrorismo.

A região do Médio Oriente e Norte de África melhorou substancialmente no índice, subindo dois lugares face a 2018, quando estava no último lugar do 'ranking'.

Pelo segundo ano consecutivo, o Sul da Ásia foi a região mais afetada pelo terrorismo, enquanto a América Central e Caraíbas foi a região menos afetada.

A Europa registou nove mortos por terrorismo em 2021, seis dos quais na Turquia, país que continua a ser o mais afetado da região, apesar de uma melhoria significativa.

O número de mortos por terrorismo na Turquia caiu 99%, de 587 em 2016 para 13 em 2021.

No 'ranking' do terrorismo mundial, 10 países representam 85% das mortes por terrorismo no mundo: Afeganistão, Burkina Faso, Somália, Mali, Níger, Iraque, Myanmar (antiga Birmânia), Iémen, Síria e Paquistão.

Com 20% das mortes em todo o mundo, o Afeganistão é o país mais afetado pelo terrorismo, enquanto Myanmar foi o país que registou o maior aumento no número de mortes por terrorismo em 2021, com quase mais 500 vítimas mortais do que em 2020.

FPA // LFS

Lusa/fim

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