CEDEAO anuncia cimeira virtual extraordinária para esta sexta-feira

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Porto Canal com Lusa

Lagos, 26 jan 2022 (Lusa) - A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) vai realizar esta sexta-feira uma cimeira extraordináriam em formato virtual, para discutir a crise no Burkina Faso, na sequência do golpe militar que derrubou o Presidente Roch Kaboré.

A CEDEAO, de que o Burkina Faso é um Estado-membro, condenou na segunda-feira a tomada do poder por oficiais do exército, que mantêm Kaboré detido.

A cimeira virtual extraordinária terá início às 10:00 GMT de sexta-feira (mesma hora em Lisboa), afirma a declaração.

O presidente destituído continua sob custódia do exército, mas "está fisicamente bem", informou um elemento do seu partido hoje, dois dias após o golpe militar que o derrubou e condenado veementemente pela comunidade internacional.

Ele está "ainda nas mãos do exército", "numa residência presidencial em prisão domiciliária", segundo a fonte do seu partido, Movimento Popular para o Progresso (MPP), em declarações à agência France-Presse (AFP).

A fonte, que a agência de notícias francesa não identifica, acrescentou que Kaboré "está fisicamente bem" e tem "um médico à sua disposição".

Roch Marc Christian Kaboré foi derrubado por um corpo militar liderado por um tenente-coronel, Paul-Henri Sandaogo Damiba, que lidera agora o chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR).

A insurreição militar começou no domingo em vários quartéis no país, incluindo na capital burquinabê, Ouagadougou, a seguir a uma manifestação que fez sair à rua milhares de protestantes contra insegurança criada pela violência de vários grupos extremistas islâmicos e pela incapacidade das forças armadas do Burkina Faso responderem a um problema que se agrava desde 2015, precisamente o ano da chegada de Kaboré ao poder.

O MPSR começou por anunciar a dissolução ou suspensão das instituições da República, bem como o encerramento das fronteiras aéreas do Burkina Faso, mas estas foram reabertas logo na terça-feira, tal como as fronteiras terrestres para certos produtos, o que parece indicar que a junta militar no poder não tem medo de um "contra-ataque" e está a controlar os vários corpos do exército.

Sandaogo Damiba, um especialista na luta contra os grupos 'jihadistas', nomeadamente Al-Qaida e Estado Islâmico, tinha reuniões previstas para esta tarde com a hierarquia do exército, assim como com altos funcionários da administração pública para discutir assuntos correntes, enquanto o país aguarda a formação de um novo governo.

O golpe no Burkina, que sucede aos golpes no Mali e na Guiné-Conacri, foi condenado pela comunidade internacional, que exige a "libertação imediata" do Presidente derrubado.

Josep Borrell, o chefe da política externa da União Europeia, advertiu hoje que "se a ordem constitucional não for restaurada", haverá "consequências imediatas na parceria [europeia] com o país".

União Africana e ONU condenaram igualmente o golpe de Estado. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que "os golpes militares são inaceitáveis".

A única voz dissidente veio de Moscovo, onde o empresário Yevgeny Prigozhin, próximo de Vladimir Putin e líder do grupo paramilitar Wagner, presente em vários países africanos, saudou o golpe como sinal de uma "nova era de descolonização" em África.

A cimeira extraordinária da CEDEAO na sexta-feira poderá resultar na imposição de sanções ao país por pate da organização.

Na terça-feira de manhã, centenas de manifestantes desceram à Praça da Nação, no coração de Ouagadougou, em apoio aos golpistas.

APL // JH

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