Afeganistão: 98% da população desnutrida e 9 milhões de pessoas "à beira da fome" - Unicef

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Porto Canal com Lusa

Roma, 18 jan 2022 (Lusa) -- A quase totalidade da população afegã (98%) não tem o suficiente para comer e 9 milhões de pessoas estão "desesperadas, à beira da fome", alertou hoje o porta-voz da Unicef de Itália, Andrea Lacomini.

"O mundo não pode ficar de braços cruzados quando no Afeganistão há 9 milhões de pessoas desesperadas, à beira da fome", disse Lacomini, em comunicado, acrescentando que a ONU adverte que o país "está a aproximar-se de uma catástrofe" e que "a fome poderá matar mais pessoas do que décadas de guerra".

"As crianças são quem paga o preço mais alto: 3,9 milhões sofrem de desnutrição grave", o que representa um aumento significativo face aos "3,2 milhões em outubro de 2021", sublinhou o responsável da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Além disso, "mais de 13 milhões de crianças precisam desesperadamente de ajuda, um aumento de 3,4 milhões num só ano", acrescentou Lacomini.

Esta é "uma das crises mais graves da história", com "uma duplicação dos casos de desnutrição aguda grave e isto é apenas o começo. Em muitas áreas, os funcionários dos hospitais não são pagos e não têm equipamentos nem medicamentos essenciais", adiantou.

Segundo Andrea Lacomini, "este ano, um milhão de crianças no Afeganistão morrerão de desnutrição aguda grave. As camas hospitalares estão sobrelotadas. Há pais sem trabalho, face a uma economia de rastos e com filhos famintos".

Por isso, "muitas famílias que não têm dinheiro para alimentar os filhos" ficam tão desesperadas que "vendem os seus filhos muito pequenos, [registando-se um] aumento do trabalho infantil e dos casamentos precoces", concluiu o porta-voz da Unicef.

A situação é bem conhecida por Muhajira Amanallah que, todas as manhãs, bem cedo, enfrenta o frio intenso para caminhar até uma pequena padaria em Cabul, onde afegãos desesperados recebem pão para matar a fome.

Para a sua família e para os outros que fazem fila em frente à loja e ao modesto forno, a ementa do dia limita-se, muitas vezes, a estes poucos pedaços de 'naan', um pão achatado fino típico da Ásia central e do sul.

"Se eu não trouxer pão daqui, vamos dormir sem comer", explicou Amanallah citada pela agência francesa de notícias AFP.

Com dois filhos e um marido viciado em drogas ao seu cuidado, Amanallah confessa que já pensou "em vender as filhas", mas diz que desistiu e decidiu "confiar em Alá".

Esta distribuição de pão, lançada no sábado em Cabul, faz parte de uma campanha organizada por um professor universitário da cidade, sob o lema "Salvem os afegãos da fome".

A situação humanitária no Afeganistão tornou-se dramática desde o regresso ao poder dos talibãs, em agosto passado, e consequente suspensão da ajuda internacional que financiava quase 80% do orçamento do país.

O desemprego disparou e muitos funcionários públicos não recebem salários há meses.

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