Estudo revela que aterro da Recivalongo é responsável por 3% dos odores em Sobrado

| Norte
Porto Canal com Lusa

Um estudo desenvolvido pela Universidade Nova de Lisboa junto ao aterro de Sobrado, em Valongo, revela que apenas 3% das medições correspondem a odores atmosféricos provenientes dessa unidade.

O tipo de odor mais detetado durante as medições, revela o estudo hoje apresentado em Almada, está relacionado com queimadas, associado a técnicas de redução de biomassa vegetal principalmente em terrenos agrícolas na envolvente do aterro da Recivalongo, concelho de Valongo, distrito do Porto.

Este estudo sobre a monitorização de odores atmosféricos na envolvente da Recivalongo foi desenvolvido pelo departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Nova School of Science and Technology | FCT NOVA, da Universidade Nova de Lisboa, sob a coordenação de Francisco Ferreira, e surge a pedido da empresa na sequência de queixas da população.

Em declarações à agência Lusa, Francisco Ferreira explicou que foram realizadas 1.206 medições de odores no terreno, combinando duas metodologias (olfativa simples e olfatómetro de campo) em 18 locais, durante 67 dias e entre dezembro de 2019 e abril de 2021.

A análise permitiu concluir que o tipo de odor identificado para a fonte emissora Recivalongo (acre/ácido/pungente/azeitonas) foi avaliado positivamente em três por cento do total das medições realizadas.

Este tipo de odor foi maioritariamente percecionado com os níveis de intensidade de “muito fraco” e “fraco”, inclusivamente no ponto de controlo “Recivalongo” quando usada a metodologia de avaliação olfativa simples e de ligeiro com a metodologia de avaliação com olfatómetro de campo.

Na avaliação realizada com olfatómetro de campo, segundo a investigação, o odor acre/ácido/pungente/azeitonas relacionado com a atividade da empresa foi avaliado positivamente em um por cento do total das medições realizadas.

Ainda segundo o estudo, durante os 67 dias de monitorização, a maioria das avaliações realizadas ocorreu na ausência de qualquer tipo de odor (91 % de todas as medições).

De acordo com Francisco Ferreira, a frequência com que acontece este odor é limitada.

“Muitos dos casos que detetámos na vila do Sobrado foram medições que são passíveis de causar incómodo, mas de intensidade diminuta. Não se trata de um caso grave, até comparativamente a outros que estudámos, mas são situações que tem de ser minimizadas”, disse.

Num plano lato, sem fazer referência à empresa em causa, Francisco Ferreira explicou que uma das possibilidades no caso de uma fábrica em que são libertados odores é, por exemplo, realizar determinadas ações em dias em que os ventos estão favoráveis ou aumentar a dispersão para diluir mais a pluma que transporta os compostos odoríferos.

Por outro lado, referiu, este tipo de odores não tem impacto na saúde do ponto de vista da doença cardiorrespiratória ou respiratória como outros odores, embora o incómodo não deixe de ser um fator de stress.

“Se tivermos um ruído grande ao pé de casa, mesmo que não esteja acima do limite, é evidente que não deixa de afetar o bem-estar, mas não tem nada a ver com os poluentes tradicionais. Não tem impacto direto, mas indireto na gestão psicossocial”, frisou.

“Não estamos a dizer que não haja impacto, mas os impactos são limitados no tempo, na intensidade e na localização”, acrescentou.

Sofia Teixeira, uma das investigadoras que realizaram o estudo, acrescentou: “A preocupação da população é muito válida porque o seu nariz assim o indica, mas depois, quando fazemos a parte da avaliação verificamos que indiretamente o impacto é inexistente.”

As queimadas, assegurou, têm mais impacto direto na população e não tanto por causa do aterro.

Paulo Pereira, outro dos investigadores, vincou que durante a realização do estudo a empresa não teve qualquer conhecimento quando a equipa estava no terreno, existindo uma premissa desde o início de que teria total independência.

Marco Marques, porta-voz da Recivalongo, referiu que o estudo veio dar razão à empresa e demonstrar o que já sabiam.

“Somos uma infraestrutura de gestão e tratamento de resíduos e temos algum impacto, mas tentamos minimizar”, disse, referindo que em 2018 propuseram e requereram licença para o tratamento dos lixiviados e desde esse ano que estão à espera de autorização.

“Os odores que sentimos, e nunca dissemos que não éramos responsáveis por eles e que agora sabemos que são 3%, são devido à retenção dos nossos lixiviados”, disse, acrescentando que foi comprado um equipamento para o seu tratamento, diminuindo assim os odores, mas é aguardada autorização.

A Recivalongo adiantou que "compreende e que sempre escutou a população e as suas preocupações", mas considerou que tem sido alvo de campanhas de difamação, afetando a confiança da população nos sistemas de gestão de resíduos (urbano e não urbano), assim como a credibilidade das entidades licenciadora e fiscalizadoras.

O aterro é gerido desde 2007 pela Recivalongo, que começou a ser acusada em 2019 de “crime ambiental” pela população, pela Jornada Principal e pela Câmara Municipal após ter sido detetado que detinha “mais de 420 licenças para tratar todo o tipo de resíduos”.

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