Faculdade de Arquitetura do Porto defende novo concurso para ponte sobre o Douro

| Norte
Porto Canal com Lusa

Porto, 19 nov 2021 (Lusa) -- A construção da nova ponte sobre o Douro esteve esta quinta-feira em debate no Porto, com a Faculdade de Arquitetura a pedir a "correção" dos projetos selecionados ou "um novo processo concursal".

Na conferência "Margens que se ligam", promovida na quinta-feira à noite pelo Jornal de Notícias e pela TSF, na Biblioteca Municipal Almeida Garret, no Porto, o diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), João Pedro Xavier, voltou a insistir nas já conhecidas críticas aos projetos selecionados para a nova ponte sobre o Douro.

Um "traçado incompatível com o espaço disponível", a "violação da promessa da ponte não passar sobre a FAUP" e "definição da cota da estação de Gaia ao nível do [Arrábida] Shopping" foram algumas das questões apontadas.

Para João Pedro Xavier, "ainda não é tarde para emendar a mão, seja pela correção da proposta vencedora, ou pela realização de um novo processo concursal".

"A realização de um novo concurso conduziria a uma melhor e mais bem conseguida ligação das margens do Douro", considerou.

Joaquim Poças Martins foi convidado na condição de presidente da Ordem dos Engenheiros Região Norte, mas deixou claro que falava em nome pessoal.

Foi assim que respondeu à "confusão sobre agentes" levantada pelo presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, dizendo que "a cidade é uma questão política e, em última análise, a última palavra é uma decisão política".

Para o engenheiro, "o futuro está nos transportes públicos" e esse "futuro" já vem de longe, uma vez que a Área Metropolitana do Porto "foi criada para resolver um problema de transportes".

"Já lá vão 20 anos e não temos um plano de transportes", referiu.

As cidades do Porto e Vila Nova de Gaia "nasceram sem pontes, e vão ter de criar tardiamente essas pontes", disse, acrescentando que "essas pontes vão ter de aterrar" em algum lado e, "hoje em dia, o espaço é escasso".

"Estamos a falar de poucos agentes. Como o que nos une é muito mais do que nos separa, penso que é relativamente simples (...), com bom senso, fazer com que a ponte venha também como uma oportunidade", acrescentou.

A solução passa por "muitos estudos, participação e mitigação -- vai ter de haver dinheiro para mitigar coisas que se resolvem com dinheiro", afirmou.

Já a arquiteta paisagista Teresa Marques destacou que o projeto pode criar problemas na localização da ponte.

"Estamos a falar de uma coisa, ao contrário do que aconteceu com a Ponte da Arrábida, em que se juntou as margens num ponto mais estreito, de escarpa, (...) aqui temos uma área muito significativa da ponte sobre um vale. Ocupar uma área longa, o vão do rio, a largura do rio é bastante significativa, a paisagem abre-se em concha, e parece-me que temos aqui um problema de qualidade paisagística, visual, que vai ser posta em causa", sustentou.

Para Álvaro Costa, engenheiro especialista em transportes, as travessias sobre o Douro "estão bloqueadas" e "esta linha vai aliviar todas as travessias".

"Uma rede funciona como uma garrafa. Tem um gargalo e o gargalo determina a capacidade da rede. (...) A mobilidade é determinante para a economia, uma cidade bloqueada é uma cidade onde a economia não cresce", salientou.

O concurso para o projeto de conceção da ponte que permitirá a ligação de metro de Santo Ovídio, em Gaia, à Casa da Música, no Porto, está neste momento suspenso, devido a uma contestação de um dos concorrentes.

No âmbito deste concurso, já tinham sido anunciados, em 18 de outubro, os três projetos finalistas.

O júri do concurso atribuiu o primeiro lugar ao consórcio liderado por Edgar Cardoso: Laboratório de Estruturas que propõe uma solução tipo pórtico com escoras inclinadas, com betão como principal material e uma altura superior à da Ponte da Arrábida.

Já o segundo lugar foi atribuído ao projeto do consórcio liderado pela COBA, que apresenta uma solução de arco com tabuleiro a nível intermédio, com pilares de betão armado nas encostas e pilares metálicos sobre o arco.

O terceiro lugar foi atribuído ao consórcio liderado pela Betar - Consultores, cujo projeto assenta numa solução de pórtico de pilares inclinados e assimétricos nas margens, com o tabuleiro a ser constituído por aço e betão e os pilares e encontros em betão armado.

ILYD (SPYC) // JMC

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