Operadora de jogo em Macau Sands China com prejuízo de 363 ME
Porto Canal com Lusa
Macau, China, 21 out 2021 (Lusa) -- A operadora de jogo de Macau Sands China anunciou hoje um prejuízo de 423 milhões de dólares (363 milhões de euros) no terceiro trimestre deste ano, numa informação enviada à bolsa de valores de Hong Kong.
No segundo trimestre, a empresa, que explora cinco casinos em Macau, tinha registado um prejuízo de 562 milhões de dólares (482 milhões de euros).
A Sands China, que tem capitais norte-americanos, salientou ter obtido resultados antes de amortizações, depreciações, juros e impostos (EBITDA) positivos e que continua a confiar numa recuperação do mercado, apesar dos resultados estarem muito distantes dos lucros milionários que se verificavam antes da pandemia de covid-19.
Contudo, o cenário traçado pelos especialistas do setor e pelo próprio Governo de Macau continua a ser pessimista.
A indústria do jogo em Macau registou o segundo pior resultado do ano no mês de setembro e o chefe do Governo de Macau antecipou perdas significativas na arrecadação de impostos sobre as receitas dos casinos, com o Executivo a ser obrigado a retificar o orçamento até ao final do ano.
As medidas de combate à propagação do novo coronavírus e as restrições fronteiriças têm tido um impacto sem precedentes no motor da economia do território.
O chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, lembrou que a estimativa inicial dos impostos este ano sobre as receitas dos casinos de Macau "já tinha sido conservadora", mas que a deteção de casos em agosto e em setembro acabou por frustrar as esperanças a curto prazo de uma recuperação.
Para este ano, o Governo de Macau previa arrecadar em impostos sobre o jogo cerca de 130 mil milhões de patacas (13,9 mil milhões de euros), mesmo assim metade do que estimara no orçamento para 2020.
Em setembro, após o Governo de Macau anunciar a revisão da lei do jogo e licenças a atribuir em 2022, as ações dos grupos com casinos no território sofreram perdas significativas.
As autoridades de Macau disseram que pretendem rever número e prazos de concessão, bem como proibir subconcessões, intenções que constam do documento da consulta pública, até 29 deste mês, sobre a revisão da lei do jogo.
Na proposta do Governo também se prevê que a distribuição de dividendos aos acionistas das empresas que exploram o jogo fique dependente de um aval governamental e a introdução de delegados do Governo junto das concessionárias, para efeitos de fiscalização.
Por outro lado, também se prevê o aumento de requisitos legais das operadoras, assim como das responsabilidades sociais e criminais.
O Governo vai avançar com um concurso público para atribuir novas concessões, já que as atuais terminam a 26 de junho de 2022, tendo decidido rever o regime jurídico da exploração de jogos e fortuna ou azar em casino, cuja legislação tem já 20 anos.
Macau, capital mundial do jogo, é o único local em toda a China onde o jogo em casino é legal. Em 2019, obteve receitas de 292,4 mil milhões de patacas (cerca de 31,37 mil milhões de euros).
Contudo, em 2020, devido ao impacto causado pela pandemia, os casinos em Macau terminaram o ano com receitas de 60,4 mil milhões de patacas (6,48 mil milhões de euros), uma quebra de 79,3% em relação ao ano anterior.
Três concessionárias, Sociedade de Jogos de Macau, Galaxy e Wynn, e três subconcessionárias, Venetian (Sands China), MGM e Melco, exploram casinos naquela que é apelidada de Las Vegas da Ásia, mas que há muito ultrapassou as receitas dos casinos registadas naquela cidade norte-americana.
Desde o início da pandemia, Macau registou 77 casos de covid-19.
JMC // EJ
Lusa/Fim