Moçambique: Terroristas em Cabo Delgado mantêm as suas forças e capacidades intactas

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Porto Canal com Lusa

Redação, 15 ago 2021(Lusa) -- Especialistas alertaram que os terroristas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, "têm muito boa informação" e por isso retiraram-se de Mocímboa da Praia antes de as tropas moçambicanas e ruandesas chegarem no último domingo, mantendo as forças "intactas".

"Devemos ter presente que os insurgentes têm muito boa informação, boa inteligência, e estavam já bem informados sobre o que estava para acontecer, quer em relação ao Ruanda quer ao que está a ser preparado no âmbito da SADC" (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, na sigla em inglês), sublinhou Jasmine Opperman, investigadora da ACLED - Armed Conflict Location and Event Data Project, uma organização não-governamental especializada na recolha, análise e mapeamento de dados relativos a conflitos.

"Recorde-se que apreenderam muitos veículos e que têm os meios para se deslocar rapidamente. Por isso, quando as forças moçambicanas e ruandesas chegaram, não houve batalha, não houve quaisquer combates", acrescentou.

Para esta analista, "a explicação é óbvia: a maior parte dos insurgentes tinha saído, dividiram-se em grupos pequenos e dispersaram-se na região".

"Tenho a sensação de que preparam alguma coisa, mas não quero ir por aí", comentou.

Em causa está o anúncio, no domingo passado, da reconquista da vila de Mocímboa da Praia, considerada por muitos a "base" dos grupos insurgentes que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado desde 2017.

A operação foi conduzida por uma força conjunta que integra militares de Moçambique e do Ruanda, país africano que tem, desde o início de julho, cerca de mil militares e polícias em Cabo Delgado para apoiar Moçambique na luta contra os grupos armados.

As primeiras imagens divulgadas pela imprensa moçambicana mostravam uma vila quase fantasma e com várias infraestruturas destruídas, nomeadamente hospitais, escolas e empresas, além das instalações do porto e do aeroporto.

Eric Morier-Genoud, investigador e professor de História de África na Queen's University, em Belfast, faz uma leitura semelhante à de Opperman. Diz que os insurgentes se retiraram porque "fizeram uma avaliação, perceberam que não valia a pena combater e retiraram-se".

"Há a notícia de 33 homens mortos, mas infelizmente não apanharam nenhum dos chefes da insurgência na retomada de Mocímboa da Praia, que era tida como a capital dos insurgentes", sublinhou ainda Morier-Genoud.

Para este investigador e analista, "há dois factos importante a notar na retomada de Mocímboa: um é que a insurgência continua intacta e outro é que os seus meios também".

"Portanto, temos a vila recuperada, mas a situação militar e o equilíbrio das forças continuam os mesmos, por enquanto", acrescentou.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

APL // JH

Lusa/fim

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