Covid-19: Bolsonaro pediu ao ex-ministro da Saúde uma investigação sobre vacina Covaxin

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Porto Canal com Lusa

São Paulo, 24 jun 2021 (Lusa) - Senadores que apoiam o Presidente brasileiro e integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 disseram hoje que o governante pediu ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que investigasse alegadas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Segundo os senadores Jorginho Mello e Marcos Rogério, que participaram de uma reunião no Palácio do Planalto com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, Jair Bolsonaro terá solicitado a Pazuello que investigasse denúncias sobre um alegado esquema ilícito envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, denunciado pelo funcionário do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado federal Luís Miranda, ao chefe de Estado, em março.

"O ministro Onyx [disse que] o Presidente [Bolsonaro], quando esse deputado veio falar, entre outros assuntos, o presidente falou imediatamente com o ministro Pazuello para pedir: 'Vê um assunto aí da Covaxin'", disse o senador Jorginho Mello a jornalistas no Senado.

O parlamentar acrescentou que Pazuello verificou a autenticidade das informações dadas pelo deputado e seu irmão e constatou "que não tinha nada".

Na quarta-feira, o deputado e o seu irmão divulgaram a meios de comunicação social que alertaram Bolsonaro pessoalmente sobre supostas irregularidades no contrato de compra da Covaxin, imunizante contra o coronavírus desenvolvido pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

"No dia 20 de março fui pessoalmente, com o servidor da Saúde, que é meu irmão, e levámos toda a documentação para ele [Bolsonaro]", declarou o deputado Luis Claudio Miranda, ao jornal Folha de S. Paulo.

Em entrevista ao jornal O Globo, Luis Ricardo Fernandes Miranda, funcionário do Ministério da Saúde, confirmou ter-se encontrado pessoalmente com Bolsonaro para denunciar as suspeitas sobre a importação do imunizante.

Este responsável contou ter sofrido pressões para aprovar um pagamento suspeito antes de receber o imunizante feito por superiores e Bolsonaro ter-se-á comprometido a encaminhar o caso para a Polícia Federal.

O Governo brasileiro firmou um contrato no valor de 1,6 mil milhões de reais (cerca de 270 milhões de euros) para aquisição de 20 milhões de doses desta vacina em 25 de fevereiro, porém, os prazos previstos de entrega do produto estão atrasados e, somente no último dia 04, a Anvisa aprovou a sua importação com restrições.

A aquisição da Covaxin foi a única realizada pelo Governo do Brasil de forma indireta, ou seja, através de uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos.

A vacina também tem sido colocada em causa porque foi a mais cara obtida pelo país.

A revelação de indício sobre possíveis irregularidades na aquisição da Covaxin tornou-se foco de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) e também da Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) da covid-19, que funciona no Senado.

Segundo a procuradora Luciana Loureiro, que conduziu um inquérito civil público sobre o contrato da Covaxin, há indícios de irregularidades.

Num ofício, a procuradora frisou existir "temeridade do risco" assumido pelo Ministério da Saúde com a contratação relacionada com a Covaxin, considerada atípica "a não ser para atender a interesses divorciados do interesse público".

"A omissão de atitudes corretivas da execução do contrato, somada ao histórico de irregularidades que pesa sobre os sócios da empresa Precisa e ao preço elevado pago pelas doses contratadas, em comparação com as demais, torna a situação carecedora de apuração aprofundada, sob duplo aspeto, cível e criminal", destacou Luciana Loureiro.

Depois das declarações públicas sobre o alegado conhecimento do Presidente brasileiro sobre irregularidades no contrato da Covaxin, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência convocou uma conferência de imprensa na noite de quarta-feira e disse que o Governo solicitou a abertura de um inquérito para investigar "as atividades" do funcionário do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda, além das declarações do seu irmão, o deputado Luis Claudio Miranda.

"O Presidente da República determinou (...) que a Polícia Federal abra uma investigação sobre as declarações do deputado Luis Claudio Miranda, sobre as atividades do seu irmão, funcionário público do Ministério da Saúde, e sobre todas essas circunstâncias expostas", declarou Onyx.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 507.109 vítimas mortais e mais de 18,1 milhões de casos confirmados de covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos 3.893.974 vítimas em todo o mundo, resultantes de mais de 179.516.790 casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

CYR (MYMM) // VM

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