Fábricas de roupa do Bangladesh reabriram hoje sem protestos
Porto Canal / Agências
Daca, 17 mai (Lusa) - Centenas de fábricas de roupa numa zona industrial do Bangladesh reabriram hoje sem protestos ao fim de quatro dias encerradas devido a manifestações provocadas pela maior tragédia industrial do país, informaram os patrões.
A associação de fabricantes e exportadores de roupa do Bangladesh fecharam as fábricas na zona industrial de Ashulia na segunda-feira após protestos que juntaram dezenas de milhares de trabalhadores.
Desde o colapso de um edifício industrial de nove andares que matou 1.127 pessoas nos arredores de Daca a 24 de abril, praticamente não se trabalhou nas centenas de fábricas de Ashulia devido às greves e protestos de trabalhadores, indignados com a tragédia.
Mas a associação de fabricantes, que representa todas as 4.500 fábricas de roupa, decidiu na quinta-feira reabrir as unidades depois de o Governo garantir "a maior segurança" das fábricas.
"Todas as fábricas de Ashulia reabriram hoje", disse o presidente da associação de patrões, Shahidullah Azim.
"Até agora não temos registo de protestos ou de violência, embora apenas 60 a 70% da força de trabalho normal esteja hoje nas fábricas por ser sexta-feira", normalmente dia de descanso no Bangladesh, disse o responsável à AFP.
Badrul Alam, chefe da polícia do distrito de Ashulia, disse também que "não houve registo de quaisquer protestos ou violência" após a reabertura.
Alam adiantou que a polícia tem meios suficientes para prevenir a violência e hoje eram visíveis veículos blindados na zona.
A maioria das maiores fábricas de roupa do Bangladesh, que produzem para grandes marcas ocidentais como a Walmart, H&M, Tesco, Inditex e Carrefour, estão sediadas em Ashulia.
Nos protestos das últimas semanas, os trabalhadores exigiram a execução do dono do edifício que ruiu e reclamaram o aumento do salário mínimo, que em novembro foi fixado em 38 dólares por mês.
Na semana passada, o Governo criou um grupo de trabalho para aumentar os salários dos três milhões de trabalhadores da indústria têxtil e aprovou alterações nas leis do trabalho, facilitando a formação de sindicatos.
O Bangladesh é o segundo maior produtor mundial de roupa e a indústria de 15,5 mil milhões de euros representa 80% das exportações anuais do país.
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