Covid-19: Ministro do Brasil menciona teoria da conspiração após discursar na ONU

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Porto Canal com Lusa

Brasília, 05 dez 2020 (Lusa) - O ministro das Relações Exteriores brasileiro mencionou na sexta-feira o 'great reset' (grande reinício), uma teoria da conspiração popular em plataformas de extrema-direita sobre a origem da covid-19, após participar numa conferência da ONU.

"A pandemia não pode ser pretexto para controlo social totalitário violando inclusive os princípios das Nações Unidas. As liberdades fundamentais não podem ser vítima da covid-19. Liberdade não é ideologia. Nada de 'Great Reset'. Segue a minha fala em sessão da ONU sobre a covid-19", escreveu o ministro Ernesto Araújo na rede social Twitter, ao partilhar um vídeo com a sua participação, na quinta-feira, numa conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a pandemia do novo coronavírus.

O 'great reset' é uma teoria da conspiração que alega que a pandemia da covid-19 teve origem a partir de um projeto secreto de elites, visando impor o seu controlo económico e social às massas.

Em maio, a teoria ganhou uma nova dimensão após o fundador do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab, anunciar a intenção de reunir líderes mundiais e discutir as mudanças climáticas e a reconstrução, de forma sustentável, de economias prejudicadas pela pandemia, num encontro denominado 'great reset', dando início a rumores sobre elites que manipulariam a economia e a sociedade mundiais.

Apesar de no seu discurso da ONU não referir diretamente a expressão 'great reset', Ernesto Araújo falou de "uma armadilha" para suprimir liberdades durante a atual pandemia de covid-19, que já provocou mais de 1,5 milhões de mortos resultantes de mais de 65,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

"Aqueles que não gostam da liberdade sempre tentam beneficiar-se dos momentos de crise para pregar o cerceamento da liberdade. Não caiamos nessa armadilha. O controlo social totalitário não é o remédio para nenhuma crise. Não façamos da democracia e da liberdade mais uma vítima da covid-19", disse, sem detalhar a quem se referia, o ministro brasileiro na conferência extraordinária da ONU, que contou com a participação de mais de 90 presidentes e primeiros-ministros com o objetivo de alcançar um compromisso global face à pandemia.

"A covid-19 não pode servir como pretexto para avançar agendas que extrapolam a estrutura constitucional das Nações Unidas", advogou ainda Ernesto Araújo, comentando a situação da pandemia no Brasil, um dos países mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,5 milhões de casos e 175.964 óbitos), depois dos Estados Unidos.

Entre os defensores da teoria do 'great reset' encontra-se o QAnon, um movimento que junta várias teorias da conspiração e que surgiu nos Estados Unidos em 2017, e que já ganhou uma versão brasileira que se tem espalhado rapidamente entre apoiantes do Governo do Presidente, Jair Bolsonaro.

O movimento nasceu na extrema-direita norte-americana em fóruns na internet, onde um anónimo (QAnon) passou a fazer publicações com informações falsas em que alegava ter informações secretas de agências de segurança sobre um grupo liderado por uma elite corrupta formada por pedófilos satanistas que sequestravam e sacrificavam crianças.

No Brasil, o QAnon adaptou-se à narrativa conspiratória local e os seus disseminadores, que dizem defender valores cristãos e conservadores, usam as redes sociais para espalhar mentiras contra pessoas que fazem críticas ao atual Governo liderado por Jair Bolsonaro.

MYMM (CYR) // JMC

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