Petição com mais de 1.100 subscritores quer impedir túnel em Miramar, Gaia

| Norte
Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 29 jun 2020 (Lusa) -- Uma petição pública que quer impedir a construção de um túnel na zona de Miramar, concelho de Vila Nova de Gaia, o qual está incluído nas obras de renovação da via ferroviária local, ultrapassou hoje os 1.100 subscritores.

A petição tem como título "Não Destruam Miramar: Não ao Túnel", como destinatário "Amigos de Miramar" e cerca das 18:45 de hoje registava 1.172 subscritores.

No texto da petição lê-se que "tornou-se recentemente do conhecimento dos moradores de Miramar que existe um plano de construção de um túnel rodoviário na Avenida Vasco da Gama para travessia da passagem de nível, com a sua supressão, projeto esse que se encontra na iminência de se concretizar", concluindo que "quem conhece esta zona sabe que se destaca pela sua traça arquitetónica antiga e cuidada".

Assim, os subscritores consideram o "projeto inqualificável", apontando que a traça atual da zona "vê-se agora gravemente ameaçada".

"Esta avenida, que atravessa toda a localidade e se estende até à praia, destaca-se como a avenida principal e das mais carismáticas de Miramar, constituindo património paisagístico de grande valor. À luz deste projeto inqualificável, vê-se agora gravemente ameaçada. A destruição da Avenida seria uma perda sem retorno, tanto para a história de Vila Nova de Gaia como para o dia-a-dia de muitas pessoas que não só nela residem, mas que a ela recorrem como zona de lazer", referem os peticionários.

Em causa está a empreitada de renovação integral da via ferroviária entre Espinho, no distrito de Aveiro, e Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, que foi adjudicada por 55,3 milhões de euros, conforme anunciou a 28 de fevereiro a Infraestruturas de Portugal (IP).

"A Infraestruturas de Portugal informa que a empreitada de modernização do troço entre Espinho e Vila Nova de Gaia, na Linha do Norte, foi adjudicada ao consórcio formado pelas empresas DST, S.A. e AZVI, S.A., por 55,3 milhões de euros", referia a empresa em comunicado.

A empreitada tem "um prazo de 660 dias e visa a modernização de um troço com cerca de 17 quilómetros".

Ainda de acordo com a petição, cujos autores admitem ter tido acesso a informação "transmitida oficiosamente", o projeto, que está a ser levado a cabo pela IP, inclui "o abate das árvores centenárias", bem como "a construção de um túnel que abarcará grande parte do trajeto desde a praça de Índia até aos primeiros quarteirões a nascente da estação".

"Inclusivamente, encontra-se planeada a construção de um túnel adicional na Rua das Moutadas, a cerca de 750 metros, o que torna esta passagem redundante. Em suma, está planeada uma obra inaceitável que constitui um atentado irrecuperável ao património da zona, desfigurando por completo aquela que é por excelência a porta de entrada de Miramar", acrescentam os autores.

Os peticionários também criticam o projeto ao nível da segurança, apontando que "ao tentar promover a segurança férrea", pode estar a "comprometer-se a segurança rodoviária, ao promover a circulação de veículos em velocidade numa avenida onde fica uma escola primária".

E apontam que os moradores "não foram consultados ou tão somente informados, tendo tido conhecimento de uma tão revoltante obra de forma incidental na iminência da sua realização".

"Desta forma, pretendemos que se respeite a herança de Miramar em termos paisagísticos, arquitetónicos, culturais e ambientais, e como zona residencial e de lazer", concluem.

A agência Lusa contactou a IP, bem como a Câmara de Vila Nova de Gaia no sentido de recolher esclarecimentos, mas até ao momento não foi possível.

Também o Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia, num requerimento datado de 08 de junho e dirigido à Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, refere que pediu a consulta do processo à IP, mas sublinha que é da câmara que espera "o cumprimento da função informativa, na medida do seu estatuto de representação e defesa dos cidadãos do Município.".

"Porque além do projeto específico da IP para a ferrovia, interessa ao Bloco de Esquerda conhecer os estudos e ou projetos de implantação no terreno, nomeadamente no que respeita à envolvente das passagens subterrâneas previstas", lê-se no requerimento.

No seu texto, os deputados municipais Luísa Silva e Paulo Mouta apontam que este projeto "terá impacto em várias freguesias de Vila Nova de Gaia, nomeadamente na freguesia de Arcozelo", na qual se localiza Miramar.

"Terá uma dimensão reestruturante da avenida principal do lugar de Miramar pelo que deve poder ser consultado pelos habitantes das freguesias em causa e pelo público em geral", argumentam os bloquistas.

A 04 de fevereiro do ano passado, questionado por um munícipe numa reunião pública descentralizada que decorreu em Arcozelo, o presidente da câmara de Vila Nova de Gaia reconheceu que o projeto criaria "em alguns sítios um modelo de acessos e um modelo urbanístico diferente, com consequências positivas e negativas".

"No geral as vantagens vão ser enormes", disse Eduardo Vítor Rodrigues, enquanto também o vereador José Guilherme Aguiar, que entre outras pastas acumula as atividades económicas, desenvolvimento económico e projetos municipais, referiu que "o túnel de Miramar será apenas destinado a veículos ligeiros e, por isso, o vão será muito menos acentuado do que aquele que existe na Aguda, pelo que, o impacto será diminuto".

PFT (JFO)//LIL

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