Covid-19: Angola sem registo de procura elevada de cloroquina, apontada como possível tratamento

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Porto Canal com Lusa

Luanda, 31 mar 2020 (Lusa) -- As autoridades sanitárias angolanas ainda não verificaram uma procura desenfreada pela cloroquina nas farmácias do país, há algum tempo em desuso no país, e que está a ser usada em alguns países no tratamento da covid-19.

A informação foi hoje avançada à agência Lusa pela médica infeciologista angolana Maria das Dores Mateta, instada a comentar o uso da cloroquina no tratamento ao novo coronavírus, pandemia que já causou dois mortos em Angola de um total de sete casos positivos.

Segundo Maria das Dores Mateta, a covid-19, causada pelo novo coronavírus, é uma doença que não tem tratamento nem um medicamento específico, mas o que vem acontecendo é o uso de vários fármacos já usados para outras patologias, como é o caso de antirretrovirais para o HIV, um antiviral usado para o Ébola e a cloroquina, um medicamento antimalárico.

"Mas não há nada ainda comprovado cientificamente que cure a covid-19. Hoje houve uma informação de que a chefe da unidade de emergência da Organização Mundial da Saúde [OMS] vai reunir-se com vários especialistas de vários países do mundo para fazerem um estudo sobre estas drogas", referiu.

Nesse sentido, avançou a médica especialista em HIV, Angola vai esperar pelos resultados dessa pesquisa da OMS.

A médica sublinhou que, apesar de várias pessoas terem usado cloroquina e terem ficado bem, continua a haver pessoas que morrem todos os dias da doença, porque na medicina não se trata a doença mas sim o doente.

"Sabemos que nós aqui já usámos a cloroquina, já há alguns anos que a cloroquina caiu em desuso aqui no nosso país, porque ela foi tão usada que depois já desenvolveu resistência", lembrou, acrescentando que, "por outro lado, a cloroquina tem alguns efeitos colaterais indesejáveis e muitas pessoas não podem tomar".

Maria das Dores Mateta referiu que em Angola ainda não há relato de pessoas à procura da cloroquina para a cura da covid-19, como em outros países, onde houve uma grande procura deste medicamento, o "que está a perigar muitas pessoas que precisam desse medicamento".

Instada a comentar o uso de plantas medicinais na cura da covid-19, tendo em conta o surgimento nos últimos dias de várias propostas de tratamento apresentadas por médicos fitoterapeutas, Maria das Dores Mateta é da mesma opinião: é preciso estudos científicos que certifiquem a sua eficácia.

A médica comparou a pandemia ao início do HIV no país, quando "muita gente andou a vender ervas para curar o HIV, andaram a tomar plantas e depois aperceberam-se que não funcionava".

"Eu sou uma pessoa que trabalho com o VIH, perdi alguns pacientes por causa disso, abandonaram a medicação e correram para essas ervas. Essas ervas não têm evidência científica", disse.

Por outro lado, prosseguiu a médica, "os medicamentos precisam de ser formulados, doseados, saber qual será a sua reação", o que muitas vezes não se verifica no uso dessas ervas.

"Porque mesmo os compridos que nós tomamos muitos deles provêm das ervas, mas eles são processados, doseados, formulados, a quantidade que se deve tomar, com base no peso das pessoas, quem deve ou não tomar determinado fármaco, tudo isso é ciência e as pessoas quando tomam essas folhas tomam numa quantidade que às vezes ultrapassa o limite, que pode provocar intoxicação medicamentosa", referiu.

A especialista recordou que a covid-19, se trata de uma doença nova e "o mundo não está preparado nem para atender as pessoas nos hospitais nem para alguém dizer que essa folha cura".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 803 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 40 mil.

NME // JH

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