Encenadora Sara Carinhas leva "Limbo" a Londres na próxima semana

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 21 fev 2020 (Lusa) - "Limbo", um espetáculo em torno do medo, da violência e da maldade, com encenação e direção artística de Sara Carinhas, é apresentado nos próximos dias 25 e 26, em Londres, disse hoje à agência Lusa fonte da produtora.

Representada no âmbito do VAULT Festival, a peça pode ser vista no Cavern - The Vaults, em Lake Street, na capital britânica, nos dias 25 e 26, às 18:20.

Estreada em janeiro de 2019, na Voz do Operário, em Lisboa, no âmbito da iniciativa Fora de Portas do Teatro Municipal S. Luiz, a peça tem como pano de fundo a construção de um discurso em torno do medo, da violência e da maldade, como resposta ao que se passa no mundo.

Trata-se de um limbo que é antes vários limbos, como disse à agência Lusa a encenadora Sara Carinhas, na altura da estreia. Um limbo que não é apenas "aquele limbo mais óbvio como os sítios de espera ou de passagem", frisou na altura.

São também limbos "sobre o que é verdade, o que é mentira, o que é sonho, o que é realidade, ou o limbo de se poder ficar fisicamente bloqueado mas a cabeça não parar", sublinhou Sara Carinhas.

Assim como o limbo de se ocupar um espaço que não é suposto ser ocupado assim -- como um salão n'A Voz do Operário -- e que também fazia parte da ideia original do espetáculo, "que era não o fazer em espaços convencionais".

Um projetor com um intenso foco de luz começa a percorrer a sala, ao mesmo tempo que os espectadores são convidados a entrar no salão e escutam uma canção.

Pouco depois, os espectadores são convidados a ocuparem os seus lugares em torno das mesas que enchem metade do salão, ao mesmo tempo que são questionados se querem tomar algo quente.

É então que começa a ouvir-se a voz de uma jovem a discorrer sobre a infância, em Angola, quando foi criada por oito tias -- todas elas Maria -- e pela mãe, também Maria, sobre os domingos em que ia à missa e em que, na altura da hóstia, começava a gritar com fome e tinha de sair da igreja onde os soldados se juntavam.

"Camarada Naná" era o nome que os soldados lhe davam lá em Angola, onde nascera.

De novo a música, o ruído de trovejar, uma paragem e questões a perguntas pertinentes como "O que é a beleza".

"A beleza está nos olhos do observador, Graças a Deus", ouve-se a uma das atrizes, antecedendo um quadro centrado em torno de um par de sapatos vermelhos.

"Para onde vamos quando adormecemos?" é outra das questões levantadas no espetáculo, onde se percebe que cada um dos seis atores acaba por trilhar caminhos e levantar questões que são também do seu percurso pessoal.

Percursos diferentes que acabam também por se tornar em diferentes pontos de vista uma vez que todos os atores vêm de escolas completamente diferentes e têm experiências completamente diferentes.

Diferença que é também marcada pela língua já que a peça agrega atores de línguas diferentes, como um italiano e um francês sendo legendada em português.

Daí que "Limbo" se possa definir também como "várias vozes", uma vez que nenhuma das personagens tem nome e não partiu de nenhum texto escrito.

"O que eu gostava era de fazer o trabalho com eles e, no momento em que os pus numa peça que não tinha um texto escrito desde o início, e parti deles, essa questão do que são personagens ou do que são vozes vem logo aqui ao de cima, porque, necessariamente, eles estão a partir deles próprios", disse Sara Carinhas.

E apesar de as pessoas "não serem nunca só elas próprias, aqui também não estão a fazer nada que esteja muito afastado do que lhes interessou ao longo do processo", frisou, admitindo, contudo, que também lá está o seu espaço enquanto encenadora.

"O que eu adoraria era que o espetáculo desse espaço ao público para ser este a decidir o que está a ver, que caminho é que está a fazer, o que é que entendeu e, se calhar, às vezes sentir que se calhar já perdi aqui alguma coisa ou que já ouvi isto mas não sei onde. Isso seria o ideal", enfatizou.

Instada a definir o espetáculo, Sara Carinhas disse não conseguir resumi-lo com facilidade, mas sublinhou que "as questões da memória e da infância estão lá". Como quase em tudo o que faz, admitiu.

"São coisas muito fortes para mim e é onde acho que está tudo e, portanto, necessariamente vamos lá", confessou, sublinhando que "Limbo" é também sobre "a violência, a maldade ou o trauma".

"Limbo" tem apoio à dramaturgia de Cristina Carvalhal e é interpretado por António Bollaño, Carolina Amaral, Filomena Cautela, Marco Nanetti, Nádia Iracema, Pierre Ensergueix e Sara Carinhas.

Com consultoria artística de Ana Vaz, desenho de luz de Cristina Piedade e desenho de som de Madalena Palmeirim, "Limbo" é uma coprodução da Causas Comuns e dos teatros Municipal do Porto - Rivoli e S. Luiz.

Teve também apoio do Polo Gaivotas-Boavista/Câmara Municipal de Lisboa, da Companhia Olga Roriz, da ONE your first stopApoio e fez residência artística no Centro Cultural Vila Flor (Guimarães)/Centro de Criação de Candoso.

CP // MAG

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