Luanda Leaks: Bloco de Esquerda questiona Governo sobre situação da Efacec

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Porto Canal com Lusa

Redação, 28 jan 2020 (Lusa) -- O Bloco de Esquerda (BE) esteve hoje reunido com os trabalhadores da Efacec, por causa das questões "reputacionais" que envolvem a sua acionista Isabel dos Santos, devido ao processo 'Luanda Leaks', e enviou perguntas ao Governo.

Em informação enviada às redações, o partido adiantou que "através do deputado José Soeiro reuniu-se com as Comissões de Trabalhadores da Efacec Energia e da Efacec Engenharia".

O BE tomou, assim, "conhecimento dos problemas da empresa e da apreensão dos trabalhadores relativamente à garantia do seu futuro e dos postos de trabalho, bem como das consequências dos danos reputacionais associados à participação da empresária angolana na Efacec, agora que se revelam amplamente as características da origem da sua fortuna e os esquemas a que esta está associada".

Por isso, o BE "entende que compete não apenas às autoridades judiciais, mas também ao Governo português o acompanhamento do caso e a tomada de medidas que garantam a manutenção da empresa e a plena garantia dos postos de trabalho", tendo o deputado José Soeiro questionado o Governo "sobre a situação delicada da empresa", revelou o partido.

Na carta, enviada ao Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, o BE recorda que a Efacec Power Solutions "é uma empresa portuguesa que atua nos setores da energia, engenharia e mobilidade, tendo um papel estratégico na economia portuguesa" e que só no distrito do Porto, emprega cerca de 2.000 trabalhadores.

"No total, falamos de cerca de 2.600 postos de trabalho", destaca a missiva, assinada por José Soeiro e Isabel Pires.

Depois das revelações do consórcio internacional de jornalistas, no final da semana passada, "os trabalhadores foram informados de que a empresa estaria a procurar novos investidores para assumirem a dívida de Isabel dos Santos, através da venda da sua participação, e que haveria cerca de cinco interessados, sendo que esses contactos seriam concluídos 'nas próximas semanas'", recorda o BE.

O partido pergunta assim, ao Governo, se está a "acompanhar este processo", "que medidas pretende tomar para garantir a manutenção da Efacec como uma empresa de referência", que "contactos foram estabelecidos com o Governo angolano no sentido de abordar a situação da empresa" e quais as diligências que o executivo está "a tomar junto da Administração da empresa e dos representantes do trabalhadores para encontrar uma saída para esta situação".

No passado dia 24 de janeiro, a Efacec Power Solutions anunciou que a empresária angolana Isabel dos Santos, envolvida no denominado processo 'Luanda Leaks', decidiu "sair da estrutura acionista" da empresa, "com efeitos definitivos", tendo os seus representantes renunciado aos cargos no grupo.

Assim, na sequência desta decisão, "Mário Leite da Silva renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Administração", bem como o advogado Jorge Brito Pereira, que "renunciou ao cargo de presidente da assembleia-geral da Efacec Power Solutions, ambos com efeito imediato".

O Conselho de Administração refere que, "neste contexto, a engenheira Isabel dos Santos solicitou" a este órgão "para iniciar, com efeito imediato, as diligências necessárias para concretizar a sua saída da estrutura acionista da Efacec Power Solutions", tendo sido já nomeados assessores para esse efeito.

"A Comissão Executiva continua vinculada a princípios de independência e de uma gestão sã, diligência e boa fé e totalmente focada na concretização do plano de desenvolvimento de negócio para 2020, com atenção aos interesses de todas as suas partes interessadas, incluindo os seus clientes, colaboradores e fornecedores", refere o grupo.

Em outubro de 2015, através da Winterfell Industries, a empresária adquiriu a maioria do capital da Efacec Power Solutions, passando Mário Leite da Silva - 'braço direito' de Isabel dos Santos - a presidir o Conselho de Administração.

A Efacec Power Solutions opera nas áreas da engenharia, energia e da mobilidade.

O anúncio da saída de Isabel dos Santos da Efacec - constituída arguida em Angola no âmbito do 'Luanda Leaks' - aconteceu dois dias (22 de janeiro) depois do EuroBic ter comunicado que a empresária iria vender a sua participação no banco, medida que visa salvaguardar a confiança na instituição.

A filha do ex-Presidente angolano é ainda acionista da NOS, através da ZOPT, entidade detida pela Sonae e Isabel dos Santos, e da Galp Energia.

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', depois de analisar, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos a tornar-se a mulher mais rica de África.

ALYN (ALU) // EA

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