Exposição "Topografias Rurais" liga obra de Alberto Carneiro a três artistas

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 05 dez 2019 (Lusa) -- Analogias entre as obras do artista português Alberto Carneiro (1937--2017), com desenhos inéditos, e as de três artistas de gerações e países diferentes, podem ser vistas na exposição "Topografias Rurais", a partir de sábado, em Lisboa.

A mostra divide-se em dois núcleos, um na Galeria Diferença, e outro na Galeria Quadrum, que são inaugurados no mesmo dia, a primeira às 15:00, e, a segunda, às 17:00, de acordo com a organização, da responsabilidade das Galerias Municipais/Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC).

Com curadoria de Tobi Maier, diretor artístico das Galerias Municipais, a exposição apresenta analogias entre a obra de Alberto Carneiro e a de três artistas de gerações e contextos geográficos diferentes: Ana Lupas, Lala Meredith-Vula e Claire de Santa Coloma.

O objetivo da mostra é apresentar a forma como, em conjunto, criam "uma rede de diferentes abordagens do rural, ao mesmo tempo que chamam a atenção para preocupações ecológicas".

Ana Lupas, artista romena, nascida em Cluj, em 1940, onde vive e trabalha, Lala Meredith-Vula, nascida em Sarajevo, em 1966, que vive e trabalha em Leicester, no Reino Unido, e Claire de Santa Coloma, artista argentina nascida em Buenos Aires, em 1983, que vive e trabalha em Lisboa.

Alberto Carneiro escreveu notas para um manifesto da arte ecológica, originalmente redigidas como entradas do seu diário, entre dezembro de 1968 e fevereiro de 1972, altura em que os efeitos das aceleradas alterações climáticas começarem a ser sentidos, recorda a curadoria.

"Numa altura em que testemunhamos uma crescente urbanização os artistas procuram no meio rural uma fonte de inspiração", comenta.

A exposição encontra-se dividida em duas secções, cobrindo uma variedade de suportes utilizados por Alberto Carneiro.

No ano em que celebra o seu quadragésimo aniversário, a Cooperativa Diferença - de que Alberto Carneiro foi sócio e membro do núcleo fundador e onde realizou exposições individuais em 1979 e 1981 - apresenta uma série de desenhos a grafite produzidos no final da carreira do artista e que nunca antes foram expostos.

Estes trabalhos aludem às imediações do seu atelier, bem como às paisagens montanhosas do norte de Portugal, assim como três trípticos elaborados a partir do esmagamento, sobre papel, de pétalas de flores colhidas pelo artista no seu jardim em São Mamede do Coronado, perto do Porto.

A segunda secção da exposição, instalada na Galeria Quadrum, onde o artista realizou cinco exposições individuais de 1975 a 1983, evoca os gestos performativos do artista.

Como a balsa da medusa, o centro do espaço da galeria é ocupado por "Metáforas da água ou as naus a haver por mares nunca de antes navegados" (1993-1994), juntamente com trabalhos e documentação derivados da sua "Operação estética em Vilar do Paraíso", realizada em março de 1973 numa localidade nas imediações de Vila Nova de Gaia.

Os trabalhos de Claire de Santa Coloma - para quem o processo da escultura é um ato de resistência - fazem referência à obra de Alberto Carneiro, e à do escultor franco-romeno Constantin Brâncu?i.

Ana Lupas criou as suas esculturas de forragens, sobretudo em formas circulares, em colaboração com comunidades de aldeias da Transilvânia.

Concebida a partir de 1964 para um ambiente exclusivamente rural, a obra "The Solemn Process" consiste numa série de estruturas corpóreas prototípicas de várias dimensões, feitas a partir de materiais perecíveis, como palha de trigo, cânhamo, algodão, madeira e metal.

Por fim, as fotografias de Lala Meredith-Vula pertencentes à série "Haystacks" - iniciada em 1989 e ainda em curso - também emergem no leste europeu, "um contexto que está longe de ser homogéneo e que ainda hoje se debate com a desordem resultante da dissolução dos regimes autoritários após a queda da Cortina de Ferro, há trinta anos atrás, no ano de 1989".

Lupas, que foi alvo de repressão por parte do regime comunista, durante o seu processo de criação a partir de meados da década de 1970, executou as suas esculturas em colaboração com diversos habitantes locais, enquanto a investigação e representação de palheiros empreendida por Meredith-Vula ao longo de uma década também lhe permitiu aproximar-se do povo da Albânia, terra nativa do seu pai, segundo a curadoria.

AG // MAG

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