Congresso internacional de José Saramago dá vida a "Memorial do Convento"

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 12 nov 2019 (Lusa) - Um Congresso Internacional dedicado ao escritor José Saramago e ao "Memorial do Convento", integrado no projeto Rota do Memorial do Convento, começa na quinta-feira com o objetivo de dar vida ao passado histórico retratado no romance, revela a organização.

"José Saramago e o 'Memorial do Convento'" é uma iniciativa conjunta das autarquias de Loures, de Mafra e de Lisboa, inserida no projeto iniciado em 2017 com o objetivo de criar uma rota turística e cultural, a partir do lirismo épico do romance de José Saramago, publicado há 37 anos.

Esta rota cultural pretende desenhar um percurso literário nos territórios dos três municípios, destacando locais de interesse histórico, patrimonial e paisagístico.

A Rota do Memorial do Convento "põe em evidência o romance que revolucionou a literatura portuguesa e homenageia José Saramago, o único escritor de língua portuguesa, até ao momento, distinguido com o mais prestigiado de todos os galardões literários, o Prémio Nobel da Literatura (1998)", destaca a organização, na página do congresso.

É inserido neste projeto que surge o Congresso Internacional, comissariado por Miguel Real (comissário Literário da Rota Memorial do Convento), a decorrer entre os dias 14 e 16 de novembro, no Palácio Nacional de Mafra, com a participação de inúmeros especialistas nacionais e internacionais, estudiosos e interessados na obra do escritor.

Organizado em colaboração com a Fundação José Saramago, o congresso vai girar em "torno das maravilhosas personagens de Blimunda e Baltasar, do sonho utópico de voar de Bartolomeu de Gusmão e da devoção à música de Domenico Scarlatti", trazendo à vida, no presente, o passado histórico.

O primeiro dia de congresso começa com a apresentação da rota, conta com uma intervenção de Pilar del Rio subordinada ao tema "ler Saramago", a que se segue uma preleção de Piero Ceccuci, professor aposentado de Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira na Faculdade de Letras da Universidade de Florença, sobre "a escrita, o olhar e o tempo histórico em 'Ensaio sobre a Cegueira' e no 'Memorial do Convento'".

Da parte da tarde, Carlos Nogueira, regente da cátedra José Saramago da Universidade de Vigo, falará sobre a literatura e o mal em José Saramago, seguido de uma intervenção de Isabel Ponce de Leão sobre "a violação do código erótico" em "Memorial do Convento".

O segundo painel da tarde terá como participantes a professora catedrática Annabela Rita, a responsável dos serviços educativos do Palácio Nacional de Mafra, Maria Fernanda Monteiro dos Santos, e Miguel Real.

Annabela Rita parte do poema de Severo Sarduy "Detrás da claraboia/um rosto, outro/observando-se/observando-nos" para a sua intervenção, ao passo que Maria Fernanda Monteiro dos Santos vai falar sobre o palácio e o romance "antes e depois do Nobel".

Miguel Real tem previsto abordar o romance português na década de 1980, enquadrado pelo "Memorial do Convento".

No segundo dia de congresso, os temas abordados versam José Saramago e as tradições do romance do século XX, pela professora italiana Daniela Marcheschi, e as mulheres na obra de Saramago, designadamente o tema "as mulheres trabalham na sombra e Saramago constrói o seu memorial", por António José Borges.

Isabel Pires de Lima e a "Transposição mediática em 'Memorial do Convento': Saramago e Abel Manta", e Guilherme d'Oliveira Martins e "A importância do 'Memorial do Convento' como elemento do património cultural" preenchem o segundo painel da manhã.

Seguem-se Ana Paula Arnaut, com "'Memorial do Convento': o assalto à caixa forte da História", e Carlos Fiolhais, falando sobre "Bartolomeu de Gusmão, a Passarola e as primeiras ascensões em balão".

A encerrar esta dia de trabalhos, a italiana especialista em literatura portuguesa Orietta Abbati fará uma intervenção sobre "discurso histórico e discurso ficcional sobre o papel da Inquisição do século XVIII no 'Memorial do Convento'", e Manuel Frias Martins apresentará "Blimunda e a espiritualidade clandestina de José Saramago".

Para o último dia está reservada a intervenção de Abdeljelil Larbi, professor de literatura árabe moderna, sobre o "Memorial do Convento" em árabe: "Características da receção e tradução". Acompanha-o neste painel Maria Fátima Marinho, com "Identidades imperfeitas e desencontradas".

Vítor Viçoso e "a prática ficcional e a reescrita da História" no "Memorial do Convento" e Cândido de Oliveira Martins, com "os modos da paródia" naquele romance são os últimos intervenientes, a quem se seguirá Carlos Reis para fazer o encerramento das conferências com um discurso sobre "Saramago e a narrativização do espaço".

Da parte da tarde, haverá olhares sobre o "Memorial do Convento", pela Escola José Saramago de Mafra, e uma interpretação das palavras de Saramago pela Comunidade de Leitores das Bibliotecas Municipais de Loures.

O congresso encerra com uma visita comentada à Biblioteca e ao Palácio Nacional de Mafra, e com um concerto de violoncelo.

AL // MAG

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