Moçambique/Dívidas Ocultas: Negociações só recomeçam em março de 2020

| Economia
Porto Canal com Lusa

Joanesburgo, 18 ago 2019 (Lusa) - A consultora Eurasia considera que o Governo de Moçambique só vai voltar à mesa das negociações sobre a dívida oculta em março do próximo ano, o que atrasa um eventual programa do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Só quando o Parlamento moçambicano retomar a atividade oficial, em março de 2020, é que os debates sobre as propostas de reestruturação deverão começar", escrevem os analistas numa nota sobre a evolução de várias economias africanas.

Na nota, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas liderados por Darias Jonker acreditam que "o imbróglio jurídico sobre o escândalo da dívida vai provavelmente adiar a reestruturação da dívida", que está em curso e que já mereceu um acordo por parte dos credores da dívida soberana.

"Isso, por seu turno, vai adiar um programa do FMI e prejudicar a estabilidade macroeconómica a médio prazo", acrescentam, notando que "os procedimentos legais simultâneos na África do Sul, em Moçambique, nos Estados Unidos e no Reino Unido evidenciam a complexidade da situação e a resposta confusa do Governo moçambicano".

Os analistas esperam que o antigo ministro das Finanças Manuel Chang, atualmente detido na África do Sul, permaneça no país "nos próximos 12 a 18 meses enquanto os Estados Unidos e Moçambique continuam com os seus pedidos individuais de extradição".

As revelações e a troca de acusações entre alguns dos envolvidos no processo "fortalecem o argumento de que os títulos de dívida soberana e os dois empréstimos comerciais são corruptos e não devem ser honrados pelo Governo moçambicano, mas as autoridades ainda estão dispostas a cumprir o pagamento dos títulos soberanos e de um dos empréstimos comerciais" feito às duas empresas públicas que contraíram empréstimos sem os reportarem oficialmente.

A descoberta de empréstimos contraídos com aval do Estado, no valor de mais de 2,2 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros), mas sem registo nas contas públicas e sem divulgação aos parceiros internacionais levou os doadores a cortarem a assistência internacionais e as agências de rating a descerem a opinião sobre o crédito soberano.

Em consequência, aumentou o rácio da dívida pública sobre o PIB, o que arredou o país do financiamento internacional, atirando Moçambique para 'default' e para uma crise económica e financeira que ainda persiste.

MBA // JH

Lusa/Fim

+ notícias: Economia

Com Páscoa à porta, preços do cacau atingem máximos 

O preço do cacau nos mercados internacionais disparou 150% desde o início do ano e tocou pela primeira vez os 10.000 dólares por tonelada, mas há dúvidas que o pico tenha sido atingido, segundo os analistas consultados pela Lusa.

Vai trabalhar no feriado? Pode ter direito a compensação adicional

Na sexta-feira Santa, no dia 29 de março, é comum associar-se à ideia de descanso para muitos. Contudo, quanto à compensação pelo trabalho realizado neste feriado, a resposta não é simples e direta, mas sim variável conforme as circunstâncias individuais.

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.