Primavera Sound: Kate Tempest revela "nova forma" do próximo álbum com poesia à frente

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Porto Canal com Lusa

Porto, 09 jun 2019 (Lusa) -- A britânica Kate Tempest, que se desdobra nos 'papéis' de música, poeta, dramaturga e romancista, explicou à Lusa que o novo disco inaugura "uma nova forma" de pensar o seu trabalho, com a poesia à frente.

O seu novo trabalho, "The Book Of Traps And Lessons", será lançado na próxima sexta-feira, e foi antecipado na noite de sábado no último dia do festival NOS Primavera Sound, no Porto, em que a poeta misturou 'spoken word' com 'rap'.

Começou com "Europe Is Lost" ("A Europa Está Perdida", em tradução livre) e acabou a mostrar o novo material, que afirma inaugurar "uma nova forma". "É diferente dos meus trabalhos anteriores, porque eu e o Dan Carey, que escreve comigo, estávamos à procura de sair das nossas convenções e chegar a um sítio onde nada nos surge de forma automática", explica.

A dupla procurava "algo mais desafiante", e essa procura levou-os ao norte-americano Rick Rubin, cuja "visão" guiou a produção do novo material.

"Fizemos um álbum de poesia, suportado por instrumental. Começam uma jornada juntos, e caminham os seus caminhos até ao fim. As letras estão interligadas com a música, não estou a 'rappar' ou a ajustar-me demasiado ao instrumental", acrescenta.

Trabalhar com o fundador das editoras Columbia Records e Def Jam, e produtor de dezenas de bandas e músicos norte-americanos de sucesso, foi "fantástico", até por Rubin ser "um espantoso tipo, de quem é muito bom ter a atenção", ainda que a experiência só tivesse sido possível "porque o Dan partilhou a experiência, as frustrações e entusiasmos", disse Tempest à Lusa.

Perante as várias formas diferentes de 'canalizar' o seu talento e a sua criatividade -- da composição musical ao domínio da palavra --, a londrina de 33 anos consegue guiar-se através do "sentimento, desde o início", percebendo se algo será "uma personagem, um romance, um poema", mesmo que esse 'radar' esteja "por vezes errado, estando a forçar algo para uma forma onde não pertence".

Por vezes, surgem "várias Kates", revela, que tem de "juntar e tratar bem", para poder trabalhar, conseguindo recentemente concentrar-se "só numa coisa de cada vez", depois de um período em que tudo se acumulava.

Diz não partir "especificamente com a intenção de escrever sobre política ou feminismo", porque, "ao partir com uma agenda em mente, nunca se dá uma oportunidade à ideia", e por isso tenta colocar-se "acima e para lá" das suas experiências, ainda que estas lhe tragam a perspetiva pela qual analisa a sociedade.

"Escrevo para outros como eu, que passaram pelo mesmo, e tento chegar-lhes com alguma mensagem de solidariedade. (...) Não penso em ser rotulada pela indústria, não é importante. Importa sair para a estrada e dar um bom concerto, escrever boas músicas, estar bem com quem amo", narra, na entrevista à Lusa.

Aos 33 anos, Tempest teve dois álbuns nomeados para Prémios Mercury, "Everybody Down", em 2014, e "Let Them Eat Chaos", em 2017, e recebeu um Prémio Ted Hughes pela performance de 'spoken word' Brand New Ancients, em 2012, além das nomeações para os Brit Awards.

Foi escolhida como Poeta da Próxima Geração pela Poetry Book Society, depois de livros como "Everything Speaks in its Own Way", "Running Upon The Wires" ou "Hold Your Own", e de peças de teatro como "Wasted" ou "Hopelessly Devoted".

Em 2016, estreou-se na escrita de romances, com "The Bricks That Built The Houses", numa carreira em que o tom crítico sobre política e questões sociais a levou a ser traduzida em nove línguas.

A Leya Brasil publicou uma tradução desta obra, assinada por Daniela P.B. Dias, sob o título "Os Tijolos nas Paredes das Casas", a que o mercado português só pode aceder através da edição digital.

Em Portugal, embora os álbuns de Kate Tempest estejam disponíveis, apenas é possível encontrar alguns dos seus livros na versão original inglesa, tendo em conta o catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal.

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