Cavaco elogia "imensa originalidade" do universo ficcional de Mia Couto

| País
Porto Canal / Agências

Lisboa, 10 jun (Lusa) - O Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, considerou hoje que a atribuição do Prémio Camões ao escritor moçambicano Mia Couto foi uma decisão "justa e clarividente" e elogiou a "imensa originalidade" do seu universo ficcional.

Na cerimónia de entrega do Prémio Camões a Mia Couto, no Palácio de Queluz, o chefe de Estado português agradeceu a presença da Presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff, e assinalou o facto de esta ocorrer no dia 10 de junho.

Com Dilma Rousseff ao seu lado, Cavaco Silva afirmou: "O seu gesto, senhora Presidente, tem um significado muito especial, que quero sublinhar, porque ocorre no Dia de Portugal, que é também o Dia de Camões, a data em que celebramos o universalismo da Língua Portuguesa. Na verdade, é um traço de união que celebramos neste Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas".

"Felicito, com afetuosa admiração, o escritor Mia Couto, bem como o júri que decidiu atribuir-lhe este galardão. Foi uma decisão justa e clarividente", acrescentou.

Cavaco Silva referiu-se a Mia Couto como "um dos mais reconhecidos e versáteis autores da lusofonia contemporânea", que "construiu, ao longo de uma sólida carreira, um universo ficcional próprio, de imensa originalidade, que se singulariza por confrontar as suas personagens - e também os seus leitores - com as grandes interrogações e os grandes dilemas da existência humana".

O Presidente português disse que "Mia Couto reconstrói o tempo e o modo moçambicanos, as tradições e a oralidade da sua terra natal, aquela que foi terra sonâmbula e hoje constitui um dos países mais promissores do continente africano".

No seu entender, o escritor moçambicano "situa o património riquíssimo de imagens e de sonoridades, de cores e de memórias de Moçambique no espaço imenso da lusofonia, concebendo novas geografias e vastos territórios onde se desenrolam as suas histórias", que classificou como "histórias de humanidade e liberdade".

Cavaco Silva mencionou que a obra de Mia Couto se estende "por todos os géneros literários, da poesia ao conto, passando pela crónica ou pelo romance" e é composta por "três dezenas de livros publicados, traduzidos em mais de vinte países".

Dessa obra, destacou um conto infantil "em que a personagem principal, uma criança, consegue ver o mar graças ao poder evocativo da palavra", acrescentando que é precisamente o "poder evocativo da palavra" que o Prémio Camões celebra.

"'Chego ao fim', diz-se nas últimas páginas de 'A Confissão da Leoa', um dos mais belos romances de Mia Couto. Porém, o narrador acrescenta, logo de seguida: 'Todo o fim é um início'. Saúdo todos os presentes, na convicção de que esta cerimónia seja também um novo início. A língua portuguesa é uma língua viva e pujante, que todos os dias se renova e reinventa, seja na escrita de grandes autores como Mia Couto, seja no falar quotidiano de milhões de seres humanos", concluiu.

Antes, o chefe de Estado português recordou que o Prémio Camões fora criado em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil e tem distinguido autores de língua portuguesa de "praticamente todo o universo lusófono", tendo o primeiro galardoado sido o português Miguel Torga.

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o antigo Presidente da República de Portugal Jorge Sampaio e os ministros portugueses dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, da Economia, Álvaro Santos Pereira, da Saúde, Paulo Macedo, e da Educação, Nuno Crato, foram alguns dos convidados que assistiram a esta cerimónia.

Em representação do governo brasileiro, estiveram presentes, entre outros, os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Cultura, Marta Suplicy, da Educação, Aloísio Mercadante.

IEL/CSR // PJA

Lusa/Fim

+ notícias: País

Parlamento aprova voto de pesar pela morte do jornalista Pedro Cruz 

A Assembleia da República aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, um voto de pesar pela morte do jornalista Pedro Cruz, aos 53 anos, recordando-o como uma das vozes “mais distintas e corajosas” da comunicação social.

Portugal com 23 casos confirmados de sarampo

O número de casos de sarampo subiu para 23 em Portugal, havendo ainda seis casos em investigação, segundo um balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS).

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".