O país tem vivido atentamente a luta reinvindicativa dos professores que têm saído à rua, consecutivamente, para demonstrarem a sua insatisfação com o setor. 

Perante a falta de soluções, os sindicatos não dão tréguas nos protestos, com greves distritais que aparenta não ter fim à vista. Os professores contestam algumas propostas do Ministério da Educação na negociação da revisão do regime de mobilidade e recrutamento de pessoal docente, e reivindicam melhores condições de trabalho e salariais. Miguel Guedes, comentador do Porto Canal, diz que a luta dos professores é legítima e questiona a intervenção do executivo.

"Há medida que vamos acumulando problemas, há medida que as legítimas reivindicações dos professores não são atendidas, sendo tão atendíveis, o que me parece é que se cria campo para germinar uma altíssima demagogia, que acabe por ultrapassar as reivindicações e acabe por instrumentalizar a própria luta dos professores"

"Isso é algo que depois poderá colher mais ou menos bem na sociedade portuguesa, nos cidadãos, pela forma como percecionam a justeza da luta e a proporcionalidade da luta. Aliás, não é atoa que o Governo, nesta altura, se atira à proporcionalidade da luta. Não fala tanto em questões salariais", realça Miguel Guedes, deixando um alerta. 

"Será que as pessoas vão perceber isto? O Governo não está a encontrar soluções, está a encontrar subterfúgios para colocar a sociedade contra os professores. As reivindicações dos professores são legítimas, históricas e, porventura, aparecem tarde, do ponto de vista reivindicativo, tal é a justeza e a falta de noção histórica de progressão nos últimos anos", conclui o comentador do Porto Canal.