Presidente da Cofina questiona decisão do Governo de dispersar em bolsa os CTT

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 29 out (Lusa) -- O presidente da Cofina, Paulo Fernandes, disse hoje que tem dificuldade em entender a opção do Governo de dispersar em bolsa capital dos CTT, considerando que por esta operação conseguirá menos encaixe financeiro do que por um concurso.

"Tenho dificuldade em entender como IPO [Oferta Pública Inicial] vai dar mais encaixe financeiro do que um concurso competitivo em que havia interessados que tinham que se esforçar para dar alguma coisa", disse à margem da apresentação de um novo projeto da unidade fabril da Altri.

O responsável da empresa descartou qualquer interesse em ir ao IPO dos CTT, já que "o consórcio está desfeito".

"Perdemos interesse porque não há concurso. Gastámos dinheiro, gastámos tempo. Não posso dizer que ficamos agradados", disse.

A ideia com que ficámos é que o processo já estava decidido de determinada forma. Pouco depois de entregarmos as propostas, soubemos pelos jornais que era a dispersão em bolsa.

O ministro da Economia, António Pires de Lima, anunciou há três semanas que a OPV (Operação Pública de Venda) dos CTT decorrerá ainda este ano, até ao final da primeira semana de dezembro.

Sobre o facto de o Executivo ter escolhido o mercado de capitais para concretizar a privatização dos CTT, quando havia vários grupos que já tinham manifestado publicamente o seu interesse na operação (através de uma venda direta), Pires de Lima apontou para as vantagens e desvantagens do modelo escolhido.

"Reconheço que é um caminho ousado e que comporta alguns riscos, mas não pode ser acusado de não ter toda a transparência", afirmou, realçando que a OPV "permite a todas as empresas e particulares participarem na privatização".

O ministro apontou ainda o sucesso da dispersão em bolsa dos correios britânicos (Royal Mail), que decorreu na quinta-feira, em Londres, para sublinhar a confiança do Governo português neste negócio.

Uma vez que o tema das privatizações foi abordado, Pires de Lima aproveitou para destacar que as vendas das participações estatais na EDP (25%), na REN (40%) e na ANA (100%), permitiram um encaixe global de seis mil milhões de euros.

O Conselho de Ministros aprovou nessa semana as condições da OPV e o caderno de encargos da venda direta institucional dos CTT - Correios de Portugal.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a Parpública fica autorizada a alienar um número de ações representativas de uma percentagem de "até 70% do capital social" dos CTT.

Esta venda será feita através da realização das seguintes operações: OPV no mercado nacional e "venda direta a um conjunto de instituições financeiras, que ficam obrigadas a proceder à subsequente dispersão das ações nos mercados de capitais".

Do conjunto de ações destinado à OPV, um lote representativo de até 5% do capital será reservado à aquisição por trabalhadores.

RCR/ICO (DN/CSJ)// ATR

Lusa/Fim

+ notícias: Economia

Taxa de juro na habitação volta a cair

A taxa de juro implícita dos contratos de crédito à habitação diminuiu em março pelo segundo mês consecutivo, para 4,613%, menos 2,8 pontos base do que em fevereiro, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Redução das taxas de IRS aplica-se a todos os rendimentos de 2024

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou esta sexta-feira que a redução das taxas de IRS vai aplicar-se a todos os rendimentos auferidos desde 01 de janeiro de 2024.

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.