Plano de recuperação da Ambar ainda sem conclusão apesar de voto contra do BCP

| Economia
Porto Canal / Agências

O plano de recuperação da Ambar aguarda a receção da totalidade dos votos emitidos pelos credores por correio, sabendo-se que um dos maiores, o BCP, votou contra, disse hoje fonte ligada ao processo.

O prazo para envio dos votos terminou na sexta-feira, mas a empresa ainda aguarda a decisão de alguns credores, inclusive por motivos ligados ao atraso causado pela greve nos CTT.

De acordo com a mesma fonte, o BCP, credor em cerca de quatro milhões de euros da empresa fundada em 1939 por Américo Barbosa, mostrou-se contra o plano de recuperação que prevê a entrada da Explorer Investments -- Sociedade de Capital de Risco no capital, mas a acionista maior da Ambar, Isabel Barbosa (também ela detentora de um crédito de mais de quatro milhões de euros), votou favoravelmente, bem como a Autoridade Tributária e a Segurança Social.

Ainda assim, o maior crédito encontra-se com os trabalhadores, num total acima de cinco milhões, segundo a mesma fonte.

Na última assembleia de credores, que decorreu a 15 de outubro, o administrador judicial nomeado pelo tribunal, Armando Rocha Gonçalves, afirmou não ter "nada a opor" a este plano de recuperação, bem como ao aumento de capital a fazer por parte deste fundo.

José Nogueira, representante da atual administração, que é liderada pelo diretor de recursos humanos e diretora financeira da Ambar -- nomeados pelo tribunal "administradores da devedora, fiscalizados pelos administradores de insolvência" -, referiu que a Explorer Investments equaciona investir até um máximo de 4,5 milhões de euros para promover o crescimento e modernização da atividade da empresa.

"Para isso, não é possível manter a Ambar como estava", disse, adiantando que em nada foi alterada a componente dos trabalhadores, mantendo-se 104 dos 142 postos de trabalho, mas que é "pedido a todos os credores um sacrifício em prol da continuidade da empresa".

É que o investidor "impõe como primeira condição" que a Ambar passe a ter capitais próprios mínimos de 100 mil euros, bem como que "a dívida financeira seja reduzida a 3,5 milhões de euros", o que implica um perdão do valor correspondente a 62% dos créditos reclamados, advertiu.

O administrador de insolvência Rocha Gonçalves alertou para o facto de este plano prever a revogação do contrato de locação imobiliária celebrado com o BCP e a entrega ao mesmo credor do imóvel da Ambar, "o bem de maior valor que a empresa tinha".

"Se [o plano de insolvência com vista à recuperação] for aprovado, esse bem desaparece e fica afeto ao BCP", sustentou Rocha Gonçalves.

José Nogueira frisou que, "em liquidação, todo o estabelecimento da Ambar valeria cerca de três milhões de euros" e que a proposta que está em cima da mesa prevê que, pela revogação do contrato de leasing e entrega do imóvel, o BCP dê quitação de 3,3 milhões de euros aos créditos em dívida, fixando a dívida remanescente em 500 mil euros, valor a amortizar em prestações mensais.

"Só na continuidade da empresa se poderá gerar riqueza para pagar aos fornecedores e trabalhadores", sustentou Nogueira, pedindo que "seja dada esta oportunidade à Ambar".

O juiz Sá Couto entendeu que o voto deve ser feito por escrito, em 10 dias, para que os credores, em especial os trabalhadores, tenham tempo para refletir, advertindo que se não houver votos favoráveis que somem 66,66% "o plano naufraga e aplica-se o encerramento do estabelecimento e a liquidação à Ambar".

Três dos mais de cem trabalhadores presentes na assembleia optaram por de imediato votar a favor do plano de recuperação da empresa, enquanto outros defenderam que a listagem dos funcionários que serão despedidos devia ser já conhecida.

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