Políticos e líderes sindicais apoiam greve de trabalhadores dos CTT contra privatização

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 25 out (Lusa) - Os trabalhadores dos Correios de Portugal (CTT) contaram hoje com o apoio das centrais sindicais e do líder parlamentar do Bloco de Esquerda no arranque da greve de 24 horas contra a privatização da empresa de serviço postal.

"Estamos aqui a mostrar apoio e solidariedade com a luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores, que só por si é nobre", afirmou à agência Lusa Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco, realçando que, no caso dos CTT, trata-se também da "defesa do serviço público".

O grupo parlamentar que representa apresentou, na quinta-feira, na Assembleia da República um projeto de resolução contra a privatização dos CTT mas, questionado sobre se acredita ser possível travar a dispersão do capital em bolsa da companhia, prevista para dezembro, Pedro Filipe Soares assinalou que "o Governo está muito determinado em privatizar".

Ainda assim, "até estar concluído o processo de venda, ainda pode ser evitado", acrescentou. Na lei que determina a privatização, consta uma cláusula que permite reverter o processo em caso de defesa do interesse nacional.

Pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores dos Correios e Comunicações (SNTCC), o secretário-geral, Vítor Narciso, destacou que esta é uma luta que já dura há mais de um ano, assegurando que, depois da greve de hoje, outras iniciativas se seguirão.

"Vamos voltar à luta já no mês que vem. Contra o prejuízo para a economia nacional. O futuro dono dos CTT pode fazer como o Pingo Doce e a Sonae e põe a sede fora de Portugal para pagar menos impostos", disse à Lusa o dirigente do sindicato afeto à CGTP.

Já a outra central sindical, a UGT, através de Sérgio Monte, considerou uma "incongruência" privatizar os correios, porque "é uma empresa que dá lucro de 50 milhões de euros por ano, pelo que, face ao encaixe previsto com a venda, que é de 600 milhões de euros, em 12 anos essa verba é alcançada".

Em declarações à Lusa, o responsável reforçou que além da falta de racional económico, "vai haver menos qualidade de serviços, encerramento de postos de trabalho e despedimentos".

A ação de protesto dos trabalhadores dura desde as 00:00 e, por essa altura, quando o número de participantes atingiu o pico, estiveram reunidas várias dezenas de pessoas na entrada principal do Centro de Tratamento de Correio de Cabo Ruivo, além de pequenos grupos de quatro ou cinco pessoas nos restantes acessos, que são vários.

Com o avançar da madrugada, os mais resistentes participantes iam recorrendo a um grelhador para comer bifanas no pão, acompanhadas de cerveja e vinho, enquanto trocavam ideias sobre o futuro da empresa, num tom pessimista.

José Rosário, coordenador da Comissão de Trabalhadores dos CTT, falou à Lusa sobre as principais preocupações dos funcionários: a redução de salários, os despedimentos, a extinção de agências de atendimento, a perda de direitos e o fim das obras sociais (sistema de saúde específico da empresa que está em vias de passar para o regime da ADSE).

"Hoje, o Estado recebe dividendos dos CTT. Futuramente, é possível que vá ter que pagar para garantir a qualidade do serviço público", assinalou, questionando se a privatização, afinal, não servirá só para "dar dinheiro aos investidores".

E rematou: "Ainda há dias o conselho de administração disse-nos que o Governo se prepara para fazer um autêntico assalto às obras sociais dos CTT".

Um outro trabalhador, que pediu para não ser identificado, disse que "nos últimos tempos foram encerradas cento e muitas estações e extintos 200 e tal postos de trabalho no atendimento, e mais 600 empregos na distribuição".

Por isso, concluiu, "o Governo esteve a reduzir a estrutura para facilitar a venda aos privados, mas afetou a vida de muita gente, sobretudo no interior do país e a população mais idosa".

DN // DM.

Lusa/fim

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