Mário Almeida o professor que virou dinossauro deixa Vila do Conde ao fim de 39 anos

| Política
Porto Canal / Agências

Vila do Conde, 22 out (Lusa) -- Chegou à Câmara de Vila do Conde no quente pós-25 de Abril para ficar uns meses, mas a paixão afastou-o da vocação de ser professor e só passados quase 40 anos termina a pegada autárquica do dinossauro Mário Almeida.

"Parece que foi ontem", desabafa Mário Almeida à agência Lusa antes da tomada de posse da nova presidente da Câmara de Vila do Conde, numa entrevista em que o histórico socialista recordou a experiência autárquica com quatro décadas no concelho onde nasceu e sempre viveu.

Pelos corredores, salas e serviços dos Paços do Concelho - edifício pelo qual nutre um visível orgulho e onde foi cumprimentando, um por um, os funcionários que são do "melhor que há" -- Mário Almeida percorreu as memórias e as histórias de uma caminhada autárquica que começou "três meses depois do 25 de Abril", em 1974, quando Fernando Gomes -- que anos mais tarde voou até à Câmara do Porto -- o convidou para integrar a equipa da comissão administrativa.

A tentativa de sensibilizar o executivo anterior ao 25 de Abril para a necessidade de construir um pavilhão coberto para o Ginásio Clube Vilacondense -- onde era presidente e treinador da equipa de voleibol e Fernando Gomes era vice-presidente -- foi o acaso que iniciou um caminho de 39 anos na Câmara de Vila do Conde.

"Vim com ele para a câmara na convicção de que isto era para uns meses, no máximo um ano e que depois regressaríamos àquilo que para mim era a minha vocação. Sou filho de professores, sou neto de professores, sou casado com uma professora, o meu único irmão é professor, portanto a minha vocação era ser professor", recordou, justificando a permanência com a paixão pela vida de autarca.

À agência Lusa acaba por confessar, entre as memórias do passado, que se não tivesse sido a lei da limitação de mandatos até "poderia ter sido candidato" nas últimas autárquicas, mas "nem pensar" sequer na ideia de exercer funções noutra câmara porque "ia estar sempre lá a pensar em Vila do Conde".

E é com a cabeça na câmara que antecipa que, depois de quarta-feira, possa chegar o dia em que vai comprar o jornal ao quiosque de sempre e só quando parar o carro à frente dos paços do concelho é que vai reparar que já não tem a chave da porta pela qual entrou durante quase quatro décadas.

Com a sensação de "dever cumprido" e de que fez "tudo o que podia fazer", o presidente da autarquia, que se orgulha de ser quem entra mais cedo e sai mais tarde da câmara, lamenta o facto de obras municipais não se terem concretizado "porque os sucessivos governos não são sempre de gente de bem e portanto não assumem os protocolos que assinam".

Mário Almeida mantém a frontalidade de dizer tudo o que pensa mesmo na hora da despedida e atira farpas a um poder central "absolutamente insensível" e que "está muito longe" de onde estão problemas reais, lamentando "que muitos dos nossos governantes não passem algum tempo primeiro no poder local".

"Vou andar por aí", responde no final da entrevista, simbolicamente numa das portas da câmara, quando questionado sobre o futuro que continuará a centrar-se em Vila do Conde, quer na presidência da Assembleia Municipal quer no gabinete autárquico municipal, onde, juntamente com antigos presidentes de junta, vai acompanhar o desenvolvimento do concelho.

E, no futuro, tempo finalmente para ir buscar os seis netos à creche, ao infantário, à escola, podendo Mário Almeida ser agora o avô presente que nem sempre conseguiu ser como pai, com ainda mais disponibilidade para se dedicar a outra das suas paixões: o Rio Ave.

JF/ACYS // MSP

Lusa/fim

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