Portugal não precisa de mais investimento público em infraestruturas e tem de apostar na educação
Porto Canal com Lusa
O chefe da missão do FMI em Portugal, Subir Lall, afirma que Portugal não precisa de mais investimento público em infraestruturas para promover o crescimento, considerando que é preciso reforçar a educação para melhorar as competências dos trabalhadores.
Subir Lall, chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), assinou um relatório juntamente com outros dois economistas da instituição, Dmitry Gershenson e Albert Jaeger, intitulado "Da crise à convergência: traçar um rumo para Portugal".
No documento, os três economistas olham para o que Portugal alcançou durante o resgate financeiro e indicam o que consideram que o país deve fazer a seguir para ultrapassar os desafios que ainda enfrenta. Este relatório não representa necessariamente a visão do Conselho de Administração do FMI.
Os economistas argumentam que, no caso de Portugal, os altos níveis de dívida pública limitam a margem para aumentar o endividamento para assim aumentar o investimento "sem um grande efeito potencialmente adverso nos custos de financiamento" e referem também que o "elevado 'stock' de capital público" está provavelmente subavaliado, tendo em conta "o amplo papel das parcerias público-privadas e das empresas públicas" que estão fora do perímetro da administração pública.
Assim, defendem que "há pouca necessidade de aumentar mais o investimento público" e que deve ser dada prioridade a "garantir que a manutenção da despesa é suficiente para prevenir a rápida deterioração da qualidade das infraestruturas, em particular no setor dos transportes".
Lall entende também que "há uma margem considerável para melhorar tanto a eficiência do sistema de educação como os resultados da educação em Portugal", até porque, apesar de terem crescimento entre 2000 e 2012, as taxas de frequência continuam baixas.
Sublinhando que a melhoria do sistema educativo nas últimas décadas teve "um elevado custo orçamental", os economistas da instituição liderada por Christine Lagarde afirmam que "é necessário alinhar o nível do pessoal com a diminuição da população em idade escolar", uma vez que o número de alunos caiu 2,4% entre 1998 e 2012 e deverá cair ainda mais.
Por isso, vai ser preciso adequar a dimensão dos serviços educativos (tanto a nível da rede escolar como do número de professores), um ajustamento que será mais premente em áreas rurais "onde o ritmo do declínio da população é mais acelerado".
Entre as prioridades elencadas pelos autores está a criação de "um novo sistema de formação vocacional para melhor responder às necessidades do setor privado", de um programa para "reduzir as taxas de abandono escolar precoce e aumentar as taxas de frequência" e também "transferir a tomada de decisão para o nível local".