Falta de prevenção e "punições leves" podem explicar mortes de bombeiros

Falta de prevenção e "punições leves" podem explicar mortes de bombeiros
| País
Porto Canal

A "falta" de prevenção, alterações climatéricas "muito severas", punições jurídicas "leves" e o aumento "exponencial" de ignições podem explicar o número de mortes de bombeiros no combate a incêndios florestais, defende um comandante da Liga Portuguesa de Bombeiros.

Em declarações à agência Lusa, no Porto, à margem de um debate na Universidade Lusófona, subordinado ao tema "Por que morrem os bombeiros portugueses?", José Morais defendeu que Portugal tem, "de uma forma global", os meios "necessários" para combate ao fogo florestal, mas que "nunca serão suficientes" se outras medidas não forem tomadas.

O operacional apontou que o "fundamental é apostar na prevenção" e que o "poder político" tem de agir com esse objetivo.

"O que há a fazer é o planeamento antecedente, a prevenção, por parte de todos os agentes de proteção civil, para minimizar a força dos incêndios. Falta sempre trabalho nessa matéria. É uma área em que o poder político terá necessariamente de investir. Investir na estruturação de todo o cadastro florestal nacional, para minimizar as consequências dos incêndios", apontou José Morais.

Segundo este comandante, ao falar de prevenção fala-se de "ordenamento do território, de trilhar caminhos de evacuação, caminhos de combate, de limpeza de matas e florestas, fatores associados à falta de planeamento florestal".

Além da "falta de trabalho" de prevenção, o responsável apontou as "alterações climatéricas que tem tornado os incêndios cada vez maiores, ao criarem condições cada vez mais severas, e as punições [leves] para incendiários e para quem não limpa as matas", como fatores que "aumentam o risco a que os homens estão expostos".

O comandante José Morais lembrou que "cada vez há mais ignições, mais fogos, pelo que a probabilidade de haver mais acidentes e consequentemente mais mortos é também maior".

Outra questão apontada é a fiscalização e deteção de incêndios que, disse, "enquanto não forem estruturalmente objetivas, será muito difícil contrariar esta grande tragédia nacional, que são os incêndios florestais".

Para este responsável, é ainda "preciso fazer leis mais rígidas, com uma moldura penal mais pesada para, de alguma forma, funcionar como dissuasora".

No verão de 2013, morreram oito bombeiros em teatro operacional, o que faz deste ano, um ano "especialmente duro e marcante" para os operacionais portugueses.

"Não é fácil justificar a morte de bombeiros. Questões como a falta de prevenção, o clima adverso, faltas pontuais de meios não justificam, apenas podem ajudar a explicar", ressalvou.

José Morais afastou como explicação a falta de preparação dos bombeiros portugueses.

"A formação na área do combate do incêndio florestal é credenciada e obrigatória, ninguém passa sem a ter. Paralelamente, existe um período provatório de meio ano. Não estamos a falar de falta de formação", salientou.

+ notícias: País

Perto de 600 ocorrências em todo o país devido ao mau tempo

Portugal continental registou entre as 0h00 e as 19h00 desta quinta-feira 598 ocorrências devido ao mau tempo, tendo-se registado dois fenómenos extremos de vento, na bacia do Tejo e Silves (Faro).

Terceiro prémio do Eurodreams a caminho de Portugal 

 A chave do sorteio de Eurodreams desta quinta-feira, 14 de março de 2024, ditou a atribuição de um terceiro prémio a um apostador português, que equivale a 81.94 euros.

Mais de metade do lucro dos Jogos Santa Casa provem das raspadinhas

De acordo com o mais recente relatório divulgado pelos Jogos Santa Casa, os portugueses investiram um total de 1714 milhões de euros em raspadinhas ao longo do ano passado. A crescente popularidade das raspadinhas é evidente e já equivale a mais de metade das vendas brutas totais desta instituição, neste caso, 56%.