Uma das Pussy Riot retoma greve de fome em protesto por regresso a prisão "desumana"
Porto Canal / Agências
Moscovo, 18 out (Lusa) - Nadezhda Tolokonnikova, uma das duas jovens detidas do grupo de punk russo Pussy Riot, retomou hoje a sua greve de fome depois de ter saído do hospital e reenviada para uma prisão onde afirma ter sido ameaçada de morte.
"Hoje, Nádia (diminutivo de Nadajda) retomou a greve de fome depois de ter sido transferida para a prisão IK-14", anunciou o seu marido, Piotr Verzilov, citado por agências russas.
A administração da penitenciária confirmou essa informação.
"A 17 de outubro, a detida Tolokonnikova foi transferida do hospital para o campo Nº 14. O seu tratamento terminou. A 18 de outubro, ela escreveu uma declaração anunciando que se recusava a alimentar-se", afirmou a direção da administração penitencial da Mordóvia (500 quilómetros a Leste de Moscovo).
"Consideramos o seu regresso à prisão uma clara degradação da sua situação", declarou Verzilov à rádio Eco de Moscovo, afirmando que as autoridades penitenciárias tinham prometido aos seus advogados a transferência para outro estabelecimento.
"Isto é uma decisão política, uma vingança", considerou.
Nadejda Tolokonnikova entrou, em setembro, em greve de fome para protestar contra as condições na sua prisão, que descreveu como estando perto da "escravatura".
Tolokonnikova acusa o diretor adjunto da prisão, Iuri Kuprianov, de a ter ameaçado de morte após a publicação da sua carta sobre as condições de detenção que fazem lembrar testemunhos sobre o Gulag soviético.
Vladimir Lukin, delegado do Kremlin encarregado dos direitos humanos, disse ter ficado "chocado" pelo facto de Tolokonnikova ter voltado para a mesma prisão, sublinhando que as autoridades penitenciárias lhe tinham prometido a transferência para outro estabelecimento.
"O serviço de aplicação de penas mentiu-me. É lamentável", declarou, indignado, à agência Interfax.
Tolokonnikova cumpre com uma outra jovem uma pena de prisão por terem cantado, no início de 2012 uma "oração punk" contra o Presidente russo, Vladimir Putin, na Catedral de Cristo Redentor em Moscovo.
Pouco antes do anúncio da retomada da greve de fome, a outra Pussy Riot detida, Marina Aliokhina, retirou o seu pedido de redução da pena, em sinal de solidariedade com Tolokonnikova.
Num tribunal de Nijni Novgorod, Aliokhina explicou que não tinha "direito moral" de fazer um tal pedido, tendo em conta a situação de Tolokonnikova.
As duas jovens devem continuar detidas até março de 2014.
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