Lisboa é quem mais perde com fim da parceria estratégica - economista angolano

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 17 out (Lusa) - O economista angolano Manuel Alves da Rocha afirmou hoje que Portugal será o principal prejudicado se a pretendida parceria estratégica entre Lisboa e Luanda não avançar, como anunciou esta semana o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

"Na atual circunstância de crise em Portugal, este problema afeta Portugal muito mais do que afeta Angola", disse Alves da Rocha, numa reação às recentes declarações do Presidente angolano sobre o projeto de parceria estratégica com Portugal.

Na terça-feira, no discurso sobre o estado da Nação, José Eduardo dos Santos lamentou as "incompreensões ao nível da cúpula" portuguesa e afirmou que o "clima político atual" na relação bilateral "não aconselha a construção da parceria estratégica antes anunciada".

Alves da Rocha, que falava hoje aos jornalistas à margem da conferência 'O futuro da Agenda Global de Desenvolvimento: visões para a CPLP', em Lisboa, recordou que "desde há muito tempo existem sinais" de que as relações entre Portugal e Angola "não são lineares".

O economista admitiu que os episódios de alguma tensão entre os dois países não serão alheios "ao que se passa no interior do MPLA", o partido no poder em Angola, o que associou a "resquícios do sistema colonial".

"Dentro do MPLA não há uma ideia uniforme no sentido de se dizer que o passado é o passado, Angola é independente e há que construir agora as relações numa base diferente", afirmou.

Nesse sentido, explicou que episódios como o que motivou a recente crispação - a notícia de que altas autoridades angolanas estarão a ser investigadas em Portugal - acabam por ser "aproveitados pela linha que ainda não assumiu por inteiro que as coisas agora são diferentes e cada país é independente e soberano".

Reconhecendo que o Presidente José Eduardo dos Santos tem aparecido muitas vezes "como apaziguador destas diferenças dentro do MPLA", Alves da Rocha admitiu que o facto de neste caso estarem em causa pessoas muito próximas do Presidente, como o vice-presidente, possa ter contribuído para aumentar a pressão.

"Isto pode ter chegado a um ponto tal que rebentou", disse, acrescentando que o papel apaziguador de José Eduardo dos Santos não terá resistido "a um acumular de mal estares".

O economista, que durante anos trabalhou no Ministério do Planeamento de Angola, afirmou que as declarações proferidas em Lisboa nos últimos tempos "acabaram por fazer mossa em Angola", mas admitiu não saber como será resolvido o problema.

"No final de tudo, é Portugal que mais perde se esta situação se mantiver, porque Angola tem outras oportunidades de desenvolver relações económicas com outros países", afirmou Alves da Rocha.

O economista questionou ainda as vantagens da relação com Portugal para a economia angolana: "É um balanço em que a maior parte dos resultados fica em Angola ou é um balanço em que a maior parte dos resultados (...) vem para o exterior?".

Lembrou ainda que Angola é o principal destino das exportações de Portugal fora da União Europeia e que as linhas de crédito de Portugal relativamente a Angola favorecem muito mais Portugal do que Angola.

O economista recordou que ainda estava no Ministério do Planeamento quando o Presidente José Eduardo dos Santos pediu um trabalho que considerasse determinados países como estratégicos para Angola, lista que contemplava Portugal.

"Houve orientações diretas do Presidente no sentido de fazermos uma aproximação considerando Portugal um parceiro estratégico de Angola e em que domínios", lembrou.

A parceria estratégica entre Portugal e Angola foi anunciada em julho de 2010 durante uma visita oficial do chefe de Estado português a Angola.

Nessa altura, o Presidente angolano considerou haver "bases sólidas" para institucionalizar uma parceria estratégica com Portugal, faltando apenas definir objetivos, prioridades e um figurino jurídico.

FPA // VM

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