Combate à prospeção no Algarve é feita sobretudo por estrangeiros reformados - Moreira da Silva
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 28 abr (Lusa) - O antigo ministro da Energia Moreira da Silva disponibilizou-se hoje a ir ao Algarve esclarecer as populações que contestam a concessão para prospeção e pesquisa de petróleo à empresa de Sousa Cintra, especialmente "estrangeiros reformados".
"Tenho ouvido especialmente muitos estrangeiros reformados no Algarve como primeira linha no combate a este contrato", declarou, considerando que os estrangeiros que escolhem Portugal para viver são "muito bem vindos", mas é preciso pensar nas pessoas que vivem no Algarve.
"As pessoas que vivem no Algarve têm direito ao desenvolvimento", defendeu, criticando os que "gostavam que o Algarve fosse uma terra de índios".
Na comissão conjunta de Economia e Ambiente, Moreira da Silva explicou - na sequência do requerimento do PS e do BE - o contrato celebrado a 25 de setembro com a Portfuel para a concessão das áreas de Aljezur e Tavira, que, garantiu, cumpriu todos os requisitos exigidos, sendo um contrato em tudo idêntico aos outros 17 celebrados na última década.
No final da audição, o deputado do PSD disponibilizou-se a ir ao Algarve esclarecer as populações, questionando os "interesses" e "má-fé" que estão por trás das críticas a esta concessão em concreto.
"Acho muito curioso o interesse repentino neste contrato, que é exatamente igual aos 17 contratos assinados nos últimos dez anos, está a provocar nos senhores deputados", declarou Moreira da Silva, em resposta a Carlos Pereira
A prospeção e exploração de gás natural e petróleo no Algarve tem suscitado a contestação de autarcas, empresários, associações ambientalistas e de defesa do património, que criticam o Estado por ter assinado contratos com consórcios para estes projetos sem informar população e decisores locais e sem realizar estudos de impacto ambiental.
Moreira da Silva acrescentou que "a maior ameaça [ambiental] não é a exploração de hidrocarbonetos, mas a circulação de embarcações transportando hidrocarbonetos".
"Temos que conciliar as questões ambientais com as económicas", destacou.
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