Empresas endividadas como as portuguesas levam bancos a cobrarem juros elevados - FMI

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 09 out (Lusa) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preocupado com o excessivo endividamento das empresas, caso das portuguesas, uma vez que isso contribui para que as taxas de juro dos empréstimos nos países da periferia do euro continuem elevadas.

No relatório de estabilidade financeira, o FMI dedica uma parte importante do trabalho à análise da relação entre bancos e empresas. Por um lado, diz, quanto mais fragilizados os bancos estão, mais contraem a concessão de crédito à economia e aumentam os juros. Ao mesmo tempo, refere, as empresas endividadas e com balanços pouco sólidos agravam os problemas dos bancos, que em reação restringem empréstimos e aumentam o preço do dinheiro.

"Tomar medidas para reverter a fragmentação financeira [na Europa] vai ajudar a reduzir as taxas de juros nas economias sob 'stress', mas será insuficiente para resolver o excesso de dívida das empresas. Portanto, é essencial que os esforços para melhorar os balanços dos bancos e os progressos para União Bancária sejam complementados por uma estratégia para resolver o problema de excesso de dívida do setor não financeiro", lê-se no documento hoje divulgado.

O FMI dá mesmo o exemplo de Portugal como um país com empresas muito endividadas, sobretudo as Pequenas e Médias Empresas (PME).

"Em geral, mais de três quartos da dívida corporativa em Portugal e Espanha e cerca de metade em Itália é devida por empresas com um rácio de dívida igual ou superior a 40%", diz a instituição liderada por Christine Lagarde.

O FMI afirma ainda que, no caso de Portugal, metade das empresas têm pouca capacidade de fazer face ao serviço de dívida e que não o conseguirão se não fizerem "ajustamentos" como redução da dívida ou cortes nos custos operacionais.

A instituição sediada em Washington, diz que os dados mostram que as taxas de juros tendem a ser mais elevados nas economias em que os riscos das empresas são mais elevados e que esse é, neste momento, um problema em países como Portugal, Itália ou Espanha, contribuindo para a fragmentação financeira na zona euro.

Também o elevado risco soberano, os frágeis balanços dos bancos e o ambiente económico recessivo contribuem para o aumento das taxas de juro, que continuam a ser mais elevadas nos países da periferia do euro.

Para resolver o excesso de dívida das empresas, o FMI aponta várias soluções como reestruturação das dívidas, o acesso das empresas a fontes de crédito que não os bancos ou incentivos às seguradoras e fundos para investirem a longo prazo (empréstimos ou obrigações) através de alívio nas metas regulamentares.

Também o Banco Central Europeu tem aqui um papel, considera o FMI, já que a instituição liderada por Mário Draghi pode tomar mais medidas não convencionais para fazer o crédito chegar às PME, diz.

IM // MSF

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