Menus "troika" ou cortes nos gastos ajudam a enfrentar crise na restauração do Douro
Porto Canal / Agências
Alijó, 09 out (Lusa) -- A crise instalada no setor da restauração está a levar restaurantes do Douro a diminuir o pessoal, a cortar nos custos de energia e alguns até a aderiram à moda dos menus da "troika", com refeições mais baratas.
"A estratégia tem sido diminuir pessoal e custos de energia, como por exemplo do gás e eletricidade. Felizmente ainda há muita gente a lutar", afirmou hoje à agência Lusa José António Fernandes, presidente da Associação de Empresários de Hotelaria e Turismo do Douro (AEHTD).
E felizmente também, acrescentou, o Douro ainda não chegou à situação dramática de encerramentos.
As grandes preocupações dos empresários centram-se no aumento dos impostos e os cortes nos salários, que afastam os clientes dos restaurantes.
José António Fernandes comparou o aumento do IVA na restauração para os 23% como "uma doença" que está a alastrar por todo o país e teme ainda um agravamento da situação do setor com os já anunciados aumentos das rendas para a energia.
"Se houver um aumento de rendas que se repercuta nos consumidores então é o colapso", frisou.
O responsável fala mesmo numa "tempestade perfeita", onde junta o IVA ao aumento do custo das energias e a falta de promoção.
"Se nada for feito para inverter esta situação então serão milhares de desempregados. Mas estamos confiantes que este Governo vai ter um pouco de bom senso e consiga baixar o IVA", frisou.
Para enfrentar a crise, muitos restaurantes cortaram, segundo o responsável, nas despesas com o pessoal e nos custos de água, luz ou gás.
Depois há ainda quem, como por exemplo um empresário de Alijó, esteja a apostar no menu da "troika".
Na sua churrascaria, Fernando Rebelo implementou um menu, só o prato, que custa apenas 3,5 euros. O anúncio é feito em cartazes espalhados pela vila, em cartões e até em publicidade no carro.
"Temos que arranjar soluções para combater a crise. Então criamos o menu a "troika" para combater a troika", ironizou.
Fernando Rebelo referiu que, neste momento, se não fossem as cerca de 20 diárias "não tinha hipótese" e assume que esta ideia foi um chamariz para atrair mais clientes.
"Não dá para ganhar nada, mas estamos à espera de melhores tempos", salientou.
No entanto, mostrou-se preocupado com o eventual encerramento da repartição de finanças de Alijó. "É mais um serviço que se perde", lamentou, a pensar na repercussão negativa na sua clientela.
O turismo no Douro é sazonal, com uma época alta no verão que se prolonga até às vindimas mas, depois, esvazia-se novamente de visitantes.
Para atrair mais pessoas durante a época baixa, a AEHTD organiza um festival gastronómico que arranca a 15 de novembro e se prolonga até meados de dezembro.
Na iniciativa participam cerca de 40 restaurantes, em 21 concelhos, desde Mesão Frio até Barca de Alva.
O festival divide-se em três fins de semana temáticos, dedicados à castanha, cultura (Miguel Torga) e património.
"Através da gastronomia queremos atrair mais pessoas ao nosso património", frisou José António Fernandes.
O responsável salientou ainda que, de ano para ano, se nota uma maior procura neste festival, que já vai na 5.ª edição.
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