Países da zona euro podem precisar de mais tempo para cortar défices

| Economia
Porto Canal

O FMI alertou hoje que a zona euro ainda corre o risco de entrar em estagnação e que poderá ser necessário dar mais tempo a alguns países para cortarem os défices se o crescimento ficar abaixo do esperado.

Na atualização feita às projeções para a economia mundial hoje divulgadas com o 'World Economic Outlook' pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a instituição melhora em 0,1 pontos percentuais a projeção para a recessão económica na área do euro, esperando agora que a economia caia 0,4% este ano.

A organização mantém a estimativa de regresso ao crescimento em 2014 para os países que partilham a moeda única europeia, mantendo a perspetiva de que a economia cresça 1% no conjunto do ano.

Assim, a zona euro termina o segundo ano consecutivo em recessão, depois de em 2012 o Produto Interno Bruto (PIB) ter caído 0,6%.

O FMI melhorou em duas décimas o crescimento esperado para a Alemanha este ano (agora de 0,5%) e em uma décima o crescimento esperado para o próximo ano (agora de 1,4%).

A França também vê as suas perspetivas melhorarem este ano em três décimas (para os 0,2% do PIB), passando a prever agora crescimento já este ano, e em uma décima para 2014 (1% do PIB).

Espanha também viu melhoradas as suas perspetivas na mesma magnitude da revisão aplicada às projeções de França, esperando-se agora uma recessão na ordem dos 1,3% este ano e um crescimento de 0,2% no próximo ano.

Na publicação, o Fundo diz que os riscos pendentes sobre as economias da área do euro melhoraram nos últimos meses -- desde a previsão feita em julho -- mas diz que existem ainda riscos da zona euro entrar num período de estagnação económica, sendo um dos riscos precisamente os efeitos colaterais do impasse político nos Estados Unidos sobre o teto da dívida pública.

O Fundo diz que o crescimento está a começar a surgir nesta área económica, mas que é ainda muito fraco. Por isso, é necessário que os países continuem a implementar as reformas necessárias para modernizarem as suas economias e assim aumentarem o potencial de crescimento das suas economias.

O FMI defende ainda que o Banco Central Europeu (BCE) tem de fazer mais para ajudar a criar condições para que o crescimento retorne de forma sustentável à zona euro. Entre essas sugestões está um novo corte nas taxas de juro diretoras -- já em níveis historicamente baixos -, uma maior dependência do 'forward guidance' (uma garantia do banco central de um período de tempo em que não haverão alterações nas taxas de juro) e mais medidas não convencionais que ajudem a reparar a fragmentação no sistema de transmissão monetária, e assim melhorar o acesso ao crédito por parte dos agentes económicos, em especial para as pequenas e médias empresas.

No que diz respeito ao sistema financeiro ainda, a organização liderada por Christine Lagarde diz que é necessária uma avaliação credível ao sistema financeiro da região, com um plano integrado para que os bancos cumpram as metas de capital necessárias e ainda um mecanismo comum de recapitalização dos bancos que permita a desalavancagem ordenada das instituições sem colocar mais pressão sobre os países que já têm problemas com os seus níveis de dívida pública.

No entanto, há ainda vários riscos e problemas a ter em conta. Um deles, diz o FMI, é o elevado desemprego que persiste nos países do euro, que por sua vez estão a agravar as tensões políticas e sociais, o que prejudica o consenso e o enquadramento necessário para avançar com as reformas necessárias.

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