Ocupação excessiva da sala de aula pode afectar qualidade do ar e saúde das crianças

Ocupação excessiva da sala de aula pode afectar qualidade do ar e saúde das crianças
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Porto Canal

A ocupação excessiva da sala de aula pode afetar a qualidade do ar, acelerando sintomas de pieira, concluiu um estudo científico apresentado hoje no 14.º Congresso Nacional de Pediatria que decorre, no Porto, até sábado.

O estudo, apresentado pelo investigador Nuno Neuparth, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e especialista no Hospital Dona Estefânia, tem o nome "Impacto da qualidade do ar em crianças que frequentam infantários - Estudo Envirh" e revela que os infantários em Portugal necessitam de melhorar os seus sistemas de ventilação.

"A densidade da ocupação, às vezes excessiva, dos espaços afeta a qualidade do ar e alguns aspetos da qualidade do ar afetam verdadeiramente a saúde das crianças", disse, à agência Lusa, Nuno Neuparth, já à margem da sua apresentação, na qual expressou preocupação pela legislação portuguesa sobre infantários "não considerar este aspeto como fundamental" antes de estabelecer o número de alunos máximo numa sala de aula.

Nuno Neuparth disse à Lusa que "três em cada 10 crianças que frequentam infantário têm pieira", ou seja, sintoma que, em alguns casos, pode evoluir para asma: "Pelo menos metade destas crianças, aquelas que não têm historial familiar de alergias ou eczema prévio, vão ter uma pieira transitória. Isto vai desaparecer. Mas a outra metade vai evoluir para asma", completou o investigador.

O estudo realizado pela equipa de Neuparth, que juntou a Faculdade de Ciências Médicas e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, permitiu concluir que "quanto maior o nível de CO2 (dióxido de carbono), maior poderá ser o nível de pieira nas crianças".

Esta investigação tem como finalidade um "alerta à sociedade" portuguesa, pelo que está em projeto a publicação de um "Livro de Recomendações" que contenha conselhos, nomeadamente pais, médicos e reguladores dos espaços.

"As limpezas dos espaços dos infantários devem ser feitas no fim do dia, seguidas de arejamento do espaço. Porque nesse período o espaço não está a ser ocupado e o conforto térmico (frio e humidade) dilui-se ao longo da noite e portanto a sala está mais confortável de manhã", exemplificou Nuno Neuparth.

O investigador contou que atualmente "regra geral" as limpezas são feitas no início do dia, ou seja por volta das sete da manhã, quando "os produtos de limpeza que são poluentes ficam expostos para inalação das crianças", tendo estas "mais probabilidade de terem episódios de pieira do que aquelas que estão menos expostas".

Abrir as janelas durante um período em que o conforto térmico não seja afectado ou abrir as portas interiores para promover a ventilação do espaço são outras das recomendações que Neuparth espera que sejam publicadas em novembro na página na Internet da Direção Geral de Saúde.

Este estudo foi feito, de novembro de 2010 a dezembro de 2011, numa primeira fase, em quatro dezenas de infantários e, numa segunda fase em 19. As instituições localizavam-se em Lisboa e no Porto. A idade média das crianças alvo era de três anos. Foram analisadas duas estações do ano: Primavera e Inverno.

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