Guilherme Pinto acusa PS de "arrogância insultuosa" em Matosinhos

| Política
Porto Canal / Agências

Matosinhos, 30 set (Lusa) -- O presidente da Câmara de Matosinhos reeleito, o independente e ex-socialista Guilherme Pinto, acusou o PS de "arrogância insultuosa", considerando que o líder da distrital do PS/Porto "é o grande responsável da perda" do fim do bastião rosa.

Em entrevista à agência Lusa no dia seguinte à reeleição com presidente da autarquia - que arrancou, com maioria absoluta, ao seu antigo partido, pondo assim fim a um bastião socialista com 37 anos - Guilherme Pinto deixou duras críticas às escolhas e tomadas de posição dos responsáveis do PS, que levaram à sua desfiliação em fevereiro.

"Eu não preciso de estar a dizer mal de António Parada [candidato do PS] porque ele exibiu-se em público e toda a gente percebeu que ele não tinha a menor condição. O meu espanto é que o partido tenha embarcado numa aventura destas apenas por contabilidades internas", criticou.

Na opinião do independente, o líder do PS/Porto, José Luís Carneiro, "é o grande responsável da perda de Matosinhos, mais do que o António Parada", acusando-o de ter "incentivado a candidatura" do socialista derrotado e de não ter "ouvido os conselhos que lhe foram dados".

"Houve aqui uma arrogância insultuosa do PS para com os matosinhenses e é essa arrogância que foi derrotada, porque a partir de agora nunca mais ninguém terá o topete de achar que uma determinada população, só porque tem um sentimento muito particular relativamente a um partido, passou a ser propriedade do partido. Isso é uma estupidez que não tem nome", condenou.

Sobre o secretário-geral do PS, António José Seguro, o presidente de câmara reeleito reiterou a queixa relativa ao facto de "não ter tido cinco minutos para falar" com ele.

Condenando António Parada por "traição" por ter criado "anticorpos" ao autarca dentro do partido, Guilherme Pinto foi ainda questionado sobre o antecessor, Narciso Miranda, que em 2009 perdeu como independente e este ano apareceu, ainda que longe do centro das atenções, com a candidatura do PS.

"Espero bem que seja [o fim] porque o Narciso há muito tempo que politicamente perdeu o prazo de validade e Matosinhos precisa muito de ultrapassar essa página", atirou, afirmando que uma das coisas que mais incomoda "é o culto da personalidade".

Interrogado pela Lusa sobre se admitia voltar um dia ao PS -- partido do qual foi militante quase quatro décadas -- Guilherme Pinto disse não querer "pensar nisso", sendo algo que não está sequer nas suas preocupações.

"Primeiro porque sou independente e foi com esse compromisso que eu ganhei as eleições. Eu sou uma pessoa tranquila e portanto costumo estar onde sou necessário. E há personagens cuja importância vai ser decisiva para eu ponderar a minha vida futura", justificou.

Garantindo ser preciso "estar apaixonado e sentir confiança para avançar" e quando questionado se o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, era uma pessoa que o pudesse mobilizar, Guilherme Pinto respondeu: "era capaz. Era uma das pessoas que me motivaria totalmente não a entrar para o PS mas a fazer tudo ao meu alcance".

Apesar de o independente ter vencido a câmara com maioria absoluta, tendo elegido seis dos 11 vereadores, quando questionado sobre um possível acordo com a CDU, que recuperou o vereador perdido em 2009, Guilherme Pinto foi perentório: "não tive tempo sequer para pensar nisso".

"Eu não sou dono desta maioria. Existe cerca de uma centena de cidadãos com os quais eu quero conversar. Gosto muito do elemento da CDU que foi eleito. Acho que é uma pessoa com quem dá prazer debater mas vamos ver o que é que me dizem as pessoas que me acompanharam neste projeto", respondeu.

JF // MSP

Lusa/fim

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