'Troika' está demasiado concentrada na austeridade afirma conselheiro de George Bush

| Economia
Porto Canal

Os actuais programas da 'troika' estão demasiado concentrados na austeridade e faltam melhores incentivos para que os países realizem reformas estruturais, afirmou em entrevista à Lusa um antigo conselheiro do ex-presidente dos Estados Unidos em 1990, George Bush.

Robert Kahn, em Portugal a convite da Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) e da Universidade Católica para um debate que decorrerá hoje com o ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar sobre reestruturação de dívida, integra atualmente a equipa de especialistas do 'think-tank' Council of Foreign Relations, e já trabalhou para o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Reserva Federal e para o Departamento do Tesouro dos EUA.

Em conversa com a Agência Lusa, o especialista defende que o tipo de programas concebidos pelo FMI pode resultar, e que existem muitos casos de países que tiveram sucesso no seu ajustamento, mas considera que os atuais programas têm uma componente demasiado virada para a austeridade.

"Neste caso em particular acho que estão demasiado virados para a austeridade orçamental e têm um insuficiente compromisso do lado estrutural, não é falta de foco porque tem muitas condições. A 'troika' devia ter criado incentivos maiores, com mais benefícios, para os países que fizessem as reformas estruturais, porque significaria desde o início que haveria mais financiamento disponível para os países", considera Robert Kahn.

A falta de implementação das reformas estruturais pode criar agora um problema aos países, pois torna-se mais complicado fazer reformas nesta altura em que já existe alguma fadiga da população provocada por vários anos de ajustamento.

"É muito melhor fazer as reformas estruturais quando o programa está no início. Agora vai ser muito mais difícil para mobilizar a opinião pública, mobilizar apoio. Ainda assim, eu penso que ainda é possível, mas é preciso dar às pessoas uma visão positiva de como a economia será quando estas reformas estiverem implementadas", disse.

O economista diz que para governos, como o de Portugal, conseguirem dar esta visão mais positiva é preciso respostas mais globais, entre elas a reestruturação das suas dívidas, mas também flexibilidade na política monetária e na política orçamental de outros países, que permitiria aumentar a procura externa dirigida a economias mais fragilizadas.

No entanto, do lado da política monetária, defende que cortar taxas de juro nesta altura teria um resultado muito pequeno, já que o Banco Central Europeu tem mantido as taxas em níveis muito baixos. Por isso, seria necessário tomar medidas pouco convencionais, como o programa de compra de ativos posto em prática pela Reserva Federal dos EUA.

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