CDU ameaçou abandonar Assembleia Municipal do Porto em protesto contra Rui Rio
Porto Canal / Agências
Porto, 24 set (Lusa) - A CDU ameaçou abandonar a última sessão da Assembleia Municipal do Porto deste mandato autárquico, porque Rui Rio considerou "dispensável, no atual contexto, fazer uma intervenção política" sobre a sua obra.
A polémica instalou-se no ponto sobre a informação do presidente acerca da atividade e da situação financeira municipal, que, por norma, ocorre todos os trimestres e que costuma ser o último da ordem de trabalhos.
No entanto, os partidos concordaram, desta vez, que esse ponto devia ser o primeiro, mas, aparentemente, ninguém esperava o que Rui Rio propôs: os deputados municipais faziam-lhe perguntas e ele respondia. A tradição é ao contrário: o presidente intervém e os partidos colocam-lhe questões sobre os temas por ele focados e outros.
"O que vou dizer os senhores sabem, mas se quiserem ser masoquistas eu conto a história desde o princípio e incluo os últimos três meses", disse o presidente da Câmara que, em breve, cessa funções, dado que atinge três mandatos consecutivos e, por isso, não se pode recandidatar.
A CDU, principalmente, e o Bloco de Esquerda reagiram com grande incomodidade, alegando que o presidente pretendeu quebrar uma regra e impor outra.
O socialista Tiago Barbosa Ribeiro recordou estar em curso uma campanha eleitoral, mas defendeu que o debate sobre esse ponto devia ser "como sempre decorreu".
"Seria péssimo que o que ficasse desta assembleia fosse uma discussão tão vazia como esta. Foi-nos remetido muita informação que estamos aqui para apreciar", referiu, por ser lado, o social-democrata Paulo Rios.
A CDU salientou que "seria a primeira vez, numa reunião ordinária, que o presidente tem de prestar contas e não presta".
"Há primeiras vezes muitas vezes na vida", replicou o presidente da Assembleia Municipal em exercício, Miguel Leite Pereira, salientando que "a mesa não dispõe de poder de coagir seja quem for para intervir".
Rio repetiu: "Não estou a dizer que não falo".
"Se quisermos ser exatos, a Câmara Municipal distribuiu-nos não sei quantos relatórios com informação sobre a atividade do município e sobre os quis devíamos estar aptos a pôr perguntas", acrescentou o também socialista Gustavo Pimenta.
O mesmo deputado reconheceu que a "tradição", neste ponto concreto, é o presidente intervir em primeiro lugar e prestar informações sobre a atividade e as finanças municipais, "como sempre fez".
A CDU pediu então uma interrupção dos trabalhos durante "cinco minutos".
No regresso, Artur Ribeiro começou por acusar Rui Rio de querer "impor regras novas a oito dias de abandonar a cidade" e anunciou que os quatro deputados da CDU iam retirar-se da sala e abandonar a última reunião do mandato.
"Portanto, nós vamos sair, muito boa noite", terminou.
Miguel Pereira Leite, porém, pediu a Artur Ribeiro que esperasse um pouco e, por fim, o PSD, o PS e o CDS apelaram a Rio para que fizesse a intervenção inicial.
Gustavo Pimenta criticou a CDU pela sua "atitude radical", referindo, contudo, que a ausência desta força política "empobrece o debate".
A discussão em volta desta questão durou cerca de 45 minutos e Rio falou depois outros tantos.
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