É preciso parar de insistir na austeridade para evitar agravamento da pobreza, Lino Maia

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 29 mai (Lusa) - O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) afirmou hoje que "é muito importante" que se pare de insistir na austeridade para evitar o agravamento das situações de pobreza.

O padre Lino Maia comentava à agência Lusa um inquérito divulgado hoje pela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, segundo o qual 39% dos participantes disse ter passado um dia sem comer por falta de dinheiro e mais de metade referiu que o rendimento familiar "nunca é suficiente para viver".

"Os dados infelizmente não surpreendem", disse o presidente da CNIS, explicando que o universo deste estudo não são só as instituições particulares de solidariedade social (IPSS).

Segundo o padre Lino Maia, são também grupos sócio-caritativos que vão apoiando as pessoas na comunidade, como os vicentinos ou a Cáritas, e que têm registado um aumento de pedidos de apoio "constante e muito significativo".

Nas IPSS, que têm acordos de cooperação, também há acréscimo do número de pedidos, "mas sobretudo há um aumento de famílias a solicitar compreensão por parte das instituições" por não conseguirem honrar os seus compromissos, adiantou.

"Com o desemprego e o aumento das dificuldades há muitas famílias que não conseguem comparticipar nas despesas das instituições", explicou Lino Maia.

As IPSS vão compreendendo, mas também estão "a lutar com imensas dificuldades porque vivem permanentemente no fio da navalha", comentou.

Esta situação deve-se ao facto das comparticipações dos utentes terem diminuído na ordem dos 30 por cento, ao mesmo tempo que não há um aumento da comparticipação do Estado, justificou.

E as perspetivas, sublinhou, "não são de modo nenhum animadoras", lamentou.

Para Lino Maia, "é muito importante que se pare a insistência na austeridade e haja uma aposta na promoção da atividade económica e na promoção de serviços de proximidade", o que ajudaria à criação de emprego e à resolução de algumas situações de pobreza.

"Parece que há uma obsessão pela austeridade e isto leva a que a situação se agrave", alertou, reiterando: "Não pode haver futuro para este país sem aliarmos uma aposta na atividade económica à sobriedade. É importante que se comece um ciclo novo".

O inquérito indica que cerca de 59% dos inquiridos pedem apoio às instituições há menos de dois anos, "o que vem demonstrar que muitos dos utentes destas instituições são relativamente recentes, denotando, possivelmente, novas situações de carências".

Perto de dois milhões de pessoas vivem em Portugal em situação de pobreza, das quais cerca de 160.000 não tinham, em 2012, capacidade financeira para uma refeição de carne ou peixe, pelo menos, de dois em dois dias, refere a federação dos bancos alimentares.

HN // GC.

Lusa/fim

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