Gaspar desvaloriza perspectivas negativas da OCDE para Portugal
Porto Canal
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, desvalorizou hoje as perspetivas da OCDE para Portugal, considerando que apresentam uma "discrepância de algumas décimas" e que devem ser interpretadas no contexto europeu.
Vítor Gaspar, que esteve hoje a explicar o sétimo exame regular da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) na comissão eventual de acompanhamento das medidas do programa de assistência financeira a Portugal, começou por afirmar que as estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estão em linha com as do Governo, uma vez que antecipam a retoma do crescimento em 2014.
"A OCDE teve de fazer as suas previsões com base num conjunto de dados que refletiam hipóteses de política que, dado o facto de estarmos em pleno sétimo exame regular (...), permitem facilmente explicar a discrepância de algumas décimas de ponto percentual, que eu não valorizaria excessivamente", afirmou o governante.
Além disso, Gaspar entende ainda que a revisão em queda das perspetivas macroeconómicas para a economia portuguesa devem ser vistas à luz das estimativas apresentadas para os outros países da zona euro.
"A OCDE faz a revisão, não só das perspetivas para Portugal, como para outros países, sendo que existe um enfraquecimento das perspetivas de crescimento para outros países da área do euro e é nesse contexto que a previsão para Portugal deve ser interpretada", defendeu.
Vítor Gaspar considerou que "a Comissão Europeia é a organização internacional que melhores resultados apresenta, tendo um desempenho significativamente superior ao da OCDE" no que se refere às previsões para a economia portuguesa.
O governante garantiu também que "o cenário macroeconómico do orçamento retificativo [que deverá ser apresentado esta semana] será exatamente o do Documento de Estratégia Orçamental [apresentado no fim de abril]", acrescentando que "esse cenário está consensualizado com as três organizações da 'troika'".
A OCDE espera que a economia portuguesa tenha uma recessão mais profunda este ano, de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), e que cresça menos em 2014 que o esperado pelo Governo e pela 'troika'.
De acordo com o relatório 'Economic Outlook' hoje divulgado (com as perspetivas globais da instituição, publicado duas vezes por ano), a Organização espera que a recessão seja maior em 0,4 pontos percentuais face à última estimativa do Governo e da 'troika', que previa um recuo de 2,3%.
A organização antecipa também que a economia cresça menos que o esperado em 2014, mesmo após a queda mais profunda este ano, também aqui menos 0,4 pontos percentuais que na estimativa da 'troika' e do Governo.
A OCDE espera um crescimento marginal na ordem dos 0,2%, enquanto o Governo, no Documento de Estratégia Orçamental apresentado no mês passado, previa um crescimento de 0,6%.