OCDE/Previsões: BCE deve aliviar mais política monetária
Porto Canal / Agências
Lisboa, 29 mai (Lusa) - O Banco Central Europeu (BCE) deve aliviar mais a política monetária na zona euro, uma vez que a inflação já está abaixo do objetivo de médio prazo e que há pressões deflacionistas, defende a OCDE.
De acordo com o 'Economic Outlook', hoje publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), "o BCE devia adotar uma taxa de depósitos negativa, levando a taxa 'overnight' [para transações interbancárias de muito curto prazo] abaixo de zero".
No início deste mês, o BCE baixou a taxa de juro diretora para mínimos históricos, nos 0,50%, cortando esta taxa em 25 pontos base, e baixou também a taxa aplicada às principias operações de refinanciamento (o mecanismo pelo qual a instituição liderada por Mario Draghi fornece a maior parte da liquidez ao sistema bancário), para 1%.
A OCDE refere ainda que "a expansão de compra de ativos é desejável", sublinhando que há opções diferentes para este tipo de operações, mas que algumas "são complicadas, na prática".
Entre estas opções, a OCDE destaca "a compra de empréstimos securitizados pelas pequenas e médias empresas [que] podia ajudar os fluxos de caixa destas empresas e aliviar as pressões dos balanços dos bancos, mas implica um enquadramento institucional para proceder à securitização de forma a que [as empresas] não esteja demasiado suscetíveis a problemas de informação assimétrica e de riscos morais".
A uma escala mais alargada, sugere a Organização liderada por Angel Gurria, o BCE podia considerar a compra de dívida pública de todos os membros da zona euro "numa base não discriminatória" para efeitos de política monetária.
Uma medida deste tipo, explica a OCDE, "seria diferente de ativar o programa OMT [de compra de dívida pelo BCE], que é baseado em condicionalidade".
No entanto, a OCDE alerta que ter dois programas para intervir no mercado de dívida pública, ainda que com propósitos diferentes e com e sem condicionalidade, iria exigir uma "comunicação cuidadosa" da operação.
A Organização sugere ainda que o BCE comece a comprar títulos de dívida das empresas para fornecer incentivos diretos aos bancos para aumentarem a concessão de crédito à economia.
A OCDE recomenda ainda que a Reserva Federal (Fed) norte-americana comece "uma redução gradual da dimensão das compras adicionais de ativos" e entende que, no caso do Japão, "um novo estímulo [monetário] pode ser justificado", tendo em conta a deflação e as perspetivas de contração do crescimento quando a consolidação orçamental arrancar, em 2014.
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