Mário Centeno: “Tenho a convicção que vamos aprovar todos os orçamentos da legislatura”

Mário Centeno: “Tenho a convicção que vamos aprovar todos os orçamentos da legislatura”
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Porto Canal (IYB)

Mário Centeno, actual ministro das Finanças do novo Governo do Partido Socialista (PS), revelou em entrevista à Rádio Renascença que acredita que António Costa irá “aprovar todos os orçamentos da legislatura”.

O economista esteve no Conselho de Directores da Renascença, no passado dia 12 e adiantou algumas das futuras medidas de actuação do Governo socialista, suportado no Parlamento pelo PCP, Os Verdes e Bloco de Esquerda.

Para além de pretender cumprir o défice até 3% no final de 2015, Mário Centeno assegura uma governação europeísta e a queda do défice da reposição em 2016.

Durante a entrevista com a Rádio Renascença, Centeno falou das novas medidas que irão melhorar o défice de Portugal nos próximos dois anos: "O conjunto de medidas com incidência orçamental em 2016, o balanço entre aquelas que foram, de facto retiradas, as TSU [taxa social única], mais aquelas que foram adicionadas, que têm a ver com a reposição dos salários e com a questão das pensões, que são impactos em 2016 muito pequenos, o conjunto dessas medidas tem um impacto directo no Orçamento, positivo no sentido de melhoria ligeira do défice de 21 milhões de euros".

“Em 2017, este impacto ainda é maior, porque em 2017 as medidas da taxa contributiva iam aumentando de dimensão, aliás, isso é uma coisa importante que eu queria frisar, e o impacto em 2017 é positivo, também, de 360 milhões de euros”, explicou.

O militante do PS afirmou também que as novas linhas dos acordos têm uma aplicação gradual, “ou seja, não cabe na cabeça de ninguém que nós estejamos neste momento a aprovar os orçamentos de 2016, 2017, 2018 e 2019. Isto é para perceber o que vai acontecer".

Relativamente à aprovação dos próximos quatro orçamentos, Centeno tem a convicção de que todos serão aprovados e que, à excepção do de 2016, todos os outros planeados pelo PS terão de ser revistos, já que a “Economia tem andamentos que nós não conseguimos prever ao milímetro".

Quando questionado sobre o tema da privatização da TAP, em entrevista na Rádio Renascença, Mário Centeno refere que não sabe “que contas é que foram fechadas na TAP. É uma das grandes críticas e dos grandes problemas, num tom mais geral, da forma como o anterior Governo, que era muito pró-mercado, para ser curto, geriu todas estas contingências mercantis. Foi uma coisa que não foi completamente transparente e tenho dúvida de que o mercado goste".

Sobre os jovens emigrantes que procuram uma melhor qualidade de vida fora do país, o economista considera “que nos últimos quatro anos perdemos a Europa, baixámos os nossos níveis de qualificações. Os portugueses emigraram para a Europa, nós cá dentro perdemos a nossa participação na Europa. Eu acho que isso é preciso reverter".

"Nós sempre dissemos, e estava escrito em todos os textos que o Partido Socialista publicou em torno do trabalho do meu grupo de trabalho que eu coordenei, que estas medidas tinham que ser apresentadas ao Conselho Económico e Social e tinham que ser objecto de uma discussão muito alargada na sociedade portuguesa e é exactamente isso que vai acontecer quando, e ao abrigo dos acordos que o PS assinou com os outros partidos no Parlamento”, explicou o deputado sobre o facto dos assuntos do salário mínimo e de todas as medidas laborais terem de ser resolvidos na Concertação.

Mário Centeno contou que o tema do despedimento conciliatório será para discutir em grupo de trabalho e que "as alterações que são feitas e que emanam de acordos em que os parceiros sociais estão envolvidos são muito mais estáveis, do ponto de vista temporal, porque elas não emanam apenas da representação momentânea partidária”.

Abordando os problemas da representação no Conselho Económico Social, o entrevistado responde dizendo que “é suposto e também pode haver essa discussão. Dizer que o actual quadro de representação do Conselho Económico e Social não é verdadeiramente representativo do que são os actores económicos e sociais em Portugal. Eu acho que ele está estabilizado há demasiado tempo”.

A entrevista conclui esclarecendo que existiu, de facto, um diálogo bem mais profundo com o PCP do que com o BE, isto é, "nas conversas com o Partido Comunista a abrangência temática foi muito mais vasta do que com o Bloco de Esquerda. Depois, as posições de partida às vezes eram muito afastadas, outras vezes eram muito próximas”, comentou Mário Centeno.

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