A reabilitação urbana foi um dos principais focos no debate da noite de quinta-feira entre os oito candidatos à Câmara do Porto que, de forma unânime, manifestaram a vontade de combater o "esvaziamento" da cidade após as eleições.

O debate, promovido pelo Porto Canal e pelo Instituto Politécnico do Porto, reuniu os oito candidatos -- José Soeiro (BE), Pedro Carvalho (CDU), José Carlos Santos (PCTP/MRPP), Manuel Pizarro (PS), Luís Filipe Menezes (PSD), José Manuel Costa Pereira (PTP), Rui Moreira (independente apoiado pelo CDS) e Nuno Cardoso (independente) -- ao longo de quase três horas no Teatro Helena Sá e Costa.

O mote foi dado pelo candidato da CDU, Pedro Carvalho, que logo na sua primeira intervenção começou por lamentar os "bairros que se deixaram degradar", atirando responsabilidades para a gestão da atual maioria PSD/CDS e para a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) do Porto.

O tema da reabilitação urbana ficou então lançado, para ficar na mesa durante grande parte do debate, com José Soeiro (BE) a criticar, momentos mais tarde, o trabalho da SRU que "não trouxe um jovem para o centro da cidade" e a apontar um "diagnóstico de esvaziamento".

Questionado sobre como se poderá resolver a reabilitação no Porto, Menezes (PSD) logo respondeu: "começando por não cometer um erro que é olhar só para o centro histórico".

"A concentração no centro histórico tem a ver com o facto de ser património da humanidade", retorquiu o independente Rui Moreira (que chegou a presidir ao Conselho de Administração da SRU), justificando que "o que falhou é que os montantes disponibilizados pelo estado central foram insuficientes".

Já para Pizarro (PS) a "reabilitação urbana é o programa que mais pode gerar emprego na cidade" mas, e à semelhança de Menezes (PSD), também não poderá ficar limitada "ao centro histórico da cidade".

Por seu turno, o independente Nuno Cardoso, que lembrou ser ex-presidente da câmara do Porto, acusou a "falta de acessibilidade ao centro" pelo "processo de desertificação do centro urbano".

Para a reabilitação urbana, e revitalização da cidade, Costa Pereira (PT) quis deixar algumas propostas, como a realização de eventos como o 'Rock in Rio' na freguesia de Campanhã ou a criação de um Skate Park.

Carlos Santos, do MRPP, indicou a falta de economia de escala e de massa crítica na cidade cuja indústria e comércio "foi-se esvaziando para a periferia", pelo que defendeu a necessidade de criar uma "estratégia da região" e "criar condições para que as pessoas voltem".

Os candidatos foram também instados a partilhar as suas propostas nas áreas do emprego e cultura.

O debate ficou ainda marcado por um minuto de silêncio feito em homenagem aos bombeiros portugueses, após um repto do candidato do PTP que acabou por ser acolhido, momentos mais tarde, pelo independente Nuno Cardoso.