Extremus arranca quinta-feira no Porto com pessoas com deficiência como protagonistas

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Porto Canal com Lusa

Porto, 30 set (Lusa) - A 14.ª edição do Festival Internacional Extremus arranca quinta-feira e decorre até domingo no CACE Cultural, no Porto, com sessões artísticas protagonizadas por pessoas com deficiência, num total de 13 grupos de teatro, música, dança e performance.

"Não há teatro 'especial' nem teatro 'inclusivo'. Há teatro. Acredito que as pessoas com deficiência têm muitas capacidades e cada vez têm e devem demonstra-las mais e mais", referiu a responsável pela organização do Extremus, Mónica Cunha.

A também encenadora do grupo "Era uma vez'Teatro" da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), instituição que promove o evento, falava à Lusa após o ensaio de "Estradas de Xadrez", peça que parte da obra "Diário de um Louco" de Nikolai Gógol e que ao longo de uma hora e meia procurará, quinta-feira pelas 22:00, fazer o público refletir sobre a vida e sobre a loucura.

É uma estreia que junta 12 pessoas em palco, entre os quais Braulio Lundongo de Sá, ator com paralisia cerebral com dotes de rapper que faz questão de escrever os seus próprios textos. Num espetáculo que fala de cobradores de emoções, as letras de Braulio são apenas um dos contributos de todo um grupo que vai mostrando o que quer passar ao público.

No sábado, a espanhola Fundacíon ANADE chega desde Lugo ao Porto para apresentar "A Ola de Ouro" da companhia Pinchacarneiro. Antes, sexta-feira, o Grupo de Teatro Terapêutico da Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar S. João mostra "As Escolhas de Sofia". E domingo o Extremus fecha com o concerto da orquestra "ligados às Máquinas" da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.

"A grande mais-valia, a grande potencialidade do Extremus, é a abrangência de instituições e a diversidade das artes em palco, em reflexão. São 13 grupos, dezenas ou centenas de pessoas que interagem tenham ou não deficiência. É arte", apontou Mónica Cunha.

Mas o Extremus além de artístico e de gritar alertas sobre a diferença e as capacidades das pessoas com deficiência, também é um festival com componente educativa e de formação, daí que estejam programados dois workshops: um de dança inclusiva, no sábado de manhã, pela coreógrafa Ana Dora Borges, e outro domingo dedicado a crianças, este orientado por Margarida Fernandes, a doutora Francesinha da Operação Nariz Vermelho.

E, para "fazer futuro" e "espalhar a mensagem", aproveitando que em cada criança, há uma família, amigos e vizinhos que podem contagiar-se, ainda no âmbito do Extremus - Participação pela Arte - vai decorrer o Extreminhus, uma espécie de programação paralela dedicada às escolas com sessões de manhã e ao início da tarde.

"As crianças são o público mais puro, mais fiel e mais crítico. Relativamente à deficiência são fantásticas. Esta vertente é muito importante, muito pedagógica. Faz-se futuro", comentou a responsável.

Com várias sessões de entrada gratuita, os preços para alguns dos espetáculos são de cinco euros. As escolas pagam um euro por aluno. Este festival é cofinanciado pelo Instituto Nacional de Reabilitação, contando com o apoio do Teatro Nacional S. João, Teca, Tipar e Panmixia.

O evento foi criado na década de 90, quando existiam ainda poucas associações a apostar na divulgação das suas atividades e capacidades através das artes. Mónica Cunha recorda um primeiro Extremus com quatro ou cinco grupos. Hoje são muitos mais.

"Houve um caminho muito grande em Portugal. Já há muitos grupos que produzirem peças de grande qualidade. Nota-se evolução. Gostaria que estivéssemos ainda mais evoluídos e mas já caminhamos muito", concluiu.

PYT // MSP

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