Porto, 06 set (Lusa) -- O candidato independente à Câmara do Porto Rui Moreira mostrou-se hoje "muito preocupado" com a possível centralização da gestão de fundos comunitários em Lisboa, desafiando o primeiro-ministro a explicar "claramente" o que se passa em relação a esta matéria.

"Ficámos a saber que, na questão da regeneração urbana, mais uma vez as verbas [para 2014-2020] serão geridas, em princípio, a nível nacional, o quer dizer que a região e o Porto serão mais uma vez prejudicados", afirmou Rui Moreira aos jornalistas, depois de se reunir, na manhã de hoje, com o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Emídio Gomes.

Rui Moreira acrescentou temer também que as verbas a alocar à eficiência energética, "que se liga diretamente com a regeneração urbana", "possam ser administradas a nível nacional".

"Espero que o senhor primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho], que amanhã [sábado] vem em Gaia, para a convenção autárquica do PSD, explique claramente o que é que se passa (...), até porque o seu candidato tem andado a dizer o contrário em relação a esta matéria", frisou Moreira.

Afirmando que os fundos comunitários destinados a regiões de coesão, como o Norte, "têm sido roubados" pela região de Lisboa, Rui Moreira disse que, numa primeira fase, irá "exigir também à CCDR-N que não se deixe calar".

Depois, Rui Moreira pretende "falar com todos os autarcas do Norte para que não se deixem mais uma vez amarfanhar", porque "o que está em jogo é o crescimento da região num cenário 2014-2020".

Sem adiantar o que o presidente da CCDR-N, Emídio Gomes, lhe comunicou sobre a possível centralização da gestão dos próximos fundos comunitários para regiões de coesão a partir de Lisboa, em especial os destinados à regeneração urbana, o candidato independente apenas disse que aquilo que ouviu "leva a pensar assim".

"O país tem recebido grande parte dos fundos exatamente para desenvolver regiões de convergência como a nossa. O que tem acontecido é que esses fundos têm sido roubados e depois deixam aqui a sede do IAPMEI, e querem criar aqui outras sedes, exatamente para dizer que estão no Programa Operacional Regional mas, de facto, estão em Lisboa e é lá que criam emprego", sublinhou.

Rui Moreira referiu ainda que "a única esperança" em ser possível existir uma gestão regional dos fundos se situa na área dos transportes públicos.

Rui Moreira lembrou que, no âmbito do próximo QREN, Portugal vai receber 19,7 mil milhões de euros e "recebe essa verba porque há regiões como a do Norte que são de coesão".

"Por contas simples, a região Norte representa qualquer coisa como 11,5 mil milhões" do total da verba, disse ainda, acrescentando saber que "cerca de 47% dos fundos têm sido retirados para a região de Lisboa, que não é de convergência".

Para além do independente Rui Moreira, que é apoiado pelo CDS-PP, concorrem à Câmara do Porto Luís Filipe Menezes (PSD), Manuel Pizarro (PS), Pedro Carvalho (CDU), José Soeiro (BE), Nuno Cardoso (independente), José Carlos Santos (PCTP/MRPP) e José Manuel Costa Pereira (Partido Trabalhista Português).

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