Porto, 28 mai (Lusa) - A Assembleia Municipal do Porto dividiu-se, literalmente, ao meio na segunda-feira por causa da política cultural seguida pela Câmara, mas uniu-se pelo FC Porto e pela conquista de mais um título nacional por este clube.

A assembleia reuniu a título extraordinário por iniciativa da CDU, que quis discutir a situação cultural no Porto.

A CDU ouviu várias estruturas ligadas ao setor e apresentou-se nesta assembleia com propostas sobre o Teatro Municipal Rivoli, a Casa da Música e Serralves, o Festival Internacional de Expressão Ibérica (FITEI), a falta de espaços culturais e o que deve ser o investimento nacional no setor.

As propostas foram todas rejeitadas, com 27 votos contra da coligação PSD-CDS/PP e 27 a favor do PS, da CDU e do BE, tendo prevalecido o voto de desempate do presidente da assembleia, o social-democrata Valente de Oliveira.

A CDU propôs que a Câmara assuma "o Rivoli como teatro municipal, com uma estratégia de programação cultural" próxima das associações e agentes ligados ao setor.

A proposta sobre a Casa da Música e Serralves era um protesto contra a corte de 30 % no financiamento que o atual Governo impôs aos dois equipamentos.

O FITEI "não foi contemplado com qualquer apoio direto da Direção-Geral das Artes", estando até em causa a sua "sobrevivência".

A 36.ª edição deste festival, a realizar-se de 29 deste mês a 10 de junho, no Porto, só vai ser possível graças ao apoio da Fundação Nacional das Artes do Governo brasileiro (FUNARTE), explicou o seu diretor, Mário Moutinho

A CDU queria que os deputados municipais manifestassem a sua "preocupação e solidariedade com a situação em que se encontrão FITEI" e que a Câmara fizesse todos os esforços junto daquela direção-geral, "no sentido de inverter a atual situação".

"Existe uma falta generalizada de espaços físicos na cidade" para atividades culturais diversas, de acordo com a CDU, que por isso propôs que a câmara colabore cedendo equipamentos.

A CDU também propôs que a Assembleia Municipal reclame do Governo e da Assembleia da República que o Orçamento de Estado do próximo ano reserve cerca de 1 % para a cultura.

O BE levou uma proposta intitulada "Património cultural é afirmação de uma cidade", defendendo, nomeadamente, a "necessidade de uma política municipal que valorize o património cultural, a criação artística contemporânea e o papel dos agentes culturais".

Mas do que se falou em primeiro lugar foi do FC Porto, que há pouco mais de duas semanas conquistou mais um título nacional de futebol.

A CDU avançou com um voto de saudação ao clube azul-e-branco, cujos "sucessos são um grande orgulho para a cidade".

O PS apresentou também um voto de saudação ao FC Porto por ter ganho os campeonatos nacionais de futebol, de andebol e de hóquei em patins e, ainda, "pelo 31.º aniversário de liderança do seu presidente, que transformou o clube na maior potência desportiva nacional".

Os dois votos foram aprovados por unanimidade.

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