Paulo Rangel defende Presidente com perfil mais interventivo

| Política
Porto Canal com Lusa

Kecskemét, Hungria, 29 ago (Lusa) -- Os quatro suspeitos da morte de 71 migrantes, encontrados na quinta-feira num camião abandonado no leste da Áustria, chegaram hoje ao tribunal de Kecskermét, na Hungria, onde vão ser ouvidos, testemunhou um jornalista da agência francesa AFP.

O Ministério Público pediu que os quatro homens -- três búlgaros e um afegão -- permaneçam sob custódia devido à "natureza excecional do crime, as subsequentes mortes de pessoas no tráfico de seres humanos e a perpetração do ato criminoso de traficar pessoas de forma profissional".

Os quatro suspeitos -- dois deles com idades a rondar os 30 anos e os outros com cerca de 50 anos -- foram transportados em carros separados até ao palácio de justiça de Kecskermét, a cerca de 90 quilómetros a sul de Budapeste, de acordo com o jornalista da AFP.

O Ministério Público requereu que os suspeitos fiquem detidos sob custódia durante um mês, ao mesmo tempo que as investigações deste caso prosseguem.

Segundo os primeiros elementos da investigação, as 71 vítimas -- 59 homens, oito mulheres e quatro crianças -- eram possivelmente migrantes sírios e terão morrido asfixiadas.

Os corpos foram encontrados no interior de um camião abandonado numa autoestrada no leste da Áustria. O camião era oriundo da Hungria.

Segundo a polícia austríaca, estes quatro homens serão apenas elementos operacionais "de um grupo búlgaro e húngaro de tráfico de seres humanos".

SCA// ATR

Lusa/Fim

Castelo de Vide, 29 ago (Lusa) - O eurodeputado do PSD Paulo Rangel defendeu hoje um candidato presidencial com um perfil mais interventivo do que Jorge Sampaio e Cavaco Silva, confessando que pensa que Mário Soares funcionou bem como chefe de Estado.

"Um candidato com um perfil mais interventivo para mim seria uma coisa que eu veria com interesse", afirmou Paulo Rangel, na última 'aula' da Universidade de Verão do PSD, que termina domingo em Castelo de Vide.

A propósito de uma pergunta dos alunos, o eurodeputado fez uma avaliação dos mandatos presidenciais dos últimos 30 anos, concluindo "que funcionou sempre bem o Presidente Mário Soares como Presidente".

"Vou escandalizar toda a gente, mas eu acho que funcionou sempre bem o Presidente Mário Soares como Presidente", disse, analisando que o antigo líder socialista governou sempre à direita do PS e "meteu o socialismo na gaveta", apesar de querer ficar para a história como um homem de esquerda.

Admitindo que é defensor de um maior protagonismo do Presidente no sistema português e que mesmo com a atual Constituição o chefe de Estado poderia ter muito mais intervenção, o eurodeputado do PSD considerou que, "na dose certa", uma certa "competição" entre Governo e Presidente é positiva.

Ao contrário de Mário Soares, continuou Paulo Rangel, Jorge Sampaio "não quis intervir", preferiu assumir ao longo de quase todo os seus mandatos um papel "mais neutral" e, mesmo vendo que António Guterres estava a levar o país para o "descalabro orçamental", apoiou sempre o seu Governo, para no final acabar por ser o único chefe de Estado que usou o poder de dissolução contra uma maioria absoluta.

"É como aqueles pais que deixam sempre os filhos fazer tudo, até que chega uma altura em que já não há correção possível e ou lhes dá uma coça de cinto e expulsa de casa ou então já não conseguem dominar a situação", ironizou.

Paulo Rangel fez uma análise semelhante aos mandatos de Cavaco Silva, lembrando que no início do Governo Sócrates também achou que se estava a fazer um bom trabalho e, mais tarde, quando chegou ao discurso de tomada de posse do segundo executivo, "desfez o Governo em plena Assembleia da República".

"Prefiro um Presidente que ponha espinhos no caminho quando tem de por e depois não tenha de usar as armas brutais quando o mal já está feito", disse, insistindo que prefere um chefe de Estado interventivo, que alerta, critica e está presente, porque "um Presidente complacente é um mau Presidente".

"Embora muitas vezes o doutor Mário Soares tenha sido irritante para o nosso Governo de maioria absoluta, a verdade é que isso puxava que fôssemos melhores", sublinhou.

Pelo contrário, Jorge Sampaio e Cavaco Silva quiseram-se proteger muito no início e acabaram por se desproteger muito no final.

"O Governo precisa de um certo tratamento: de vez em quando é preciso por um pouco os pontos nos 'i's', isso faz-se em privado, mas às vezes também é preciso dar sinais públicos", acrescentou.

Na sua intervenção, Paulo Rangel antecipou ainda que nas eleições legislativas e "havendo resultados eleitorais pouco claros", terão que existir "negociações de bastidores", considerando que nesse cenário o Presidente da República poderá ter um papel a desempenhar.

No final, disse, não é de excluir que se chegue a soluções já ensaiadas noutros países apesar de não ser essa a tradição portuguesa. Por exemplo, "encontrar uma terceira personalidade que possa fazer o pleno entre dois partidos que se queiram coligar".

VAM // SMA

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