Extensão e violência dos fogos causadas por más políticas do Governo - CNA
Porto Canal
O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) defendeu hoje que os cortes "brutais" do Governo na prevenção dos incêndios e a falta de ordenamento florestal são as principais causas da extensão e violência dos fogos florestais.
Para João Dinis, a "paranoia do fogo posto" serve apenas para desviar atenções e para "esconder o essencial da questão" que são as "políticas incendiárias promovidas ao longo dos anos".
"Este Governo cortou milhões de euros na prevenção no Orçamento do Estado. A falta de prevenção, a falta de ordenamento florestal, o êxodo das populações são as causas da extensão dos incêndios", afirmou na Comissão Parlamentar da Agricultura e Mar.
"A nossa experiência diz-nos que a extensão e a violência são ajudadas pelas condições climáticas, mas são determinadas pela ausência de políticas públicas e más políticas", acrescentou o responsável referindo-se às "manchas contínuas de eucalipto e pinheiro" e ao abandono da agricultura familiar.
Segundo Pedro Santos, também dirigente da CNA, desde janeiro 2012 já foram cortados 162 milhões de euros às medidas florestais.
"Representa um corte de 37% que deixa de estar disponível em termos de floresta. Se continuarmos com este tipo de políticas nunca vamos ultrapassar isto", afirmou.
De acordo com o dirigente da CNA, só o item "Minimização dos Riscos" teve um corte de 60%.
Criticando as "celuloses que decretaram guerra aos baldios" e a "política florestal fomentada no eucalipto", João Dinis explicou que o eucalipto explode com temperaturas altas, sendo o causador da deflagração de incêndios a poucos metros de distância.
"Os cortes orçamentais nos últimos dois anos brutais no Proder [instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural], nas florestas, na prevenção, no desmantelamento dos serviços florestais públicos, de gente que conhecia a floresta e apoiava as populações, e os baixos preços da madeira, que provocam desmotivação económica pela floresta, estão na base da violência dos fogos", afirmou.
"Há manipulação do drama e da tragédia, o desvio das atenções e dos sentimentos para o fogo posto, para as detenções e para as penas", lamentou.
Afirmando que é necessário "inverter políticas e investir na floresta", João Dinis defendeu ainda que o "Estado tem obrigação de indemnizar [as vítimas dos incêndios], porque também indemnizam os banqueiros pelas trafulhices que fazem".