Marina, barcos, casas e pessoas em perigo em Gondomar

| Norte
Porto Canal / Agências

Gondomar, 01 set (Lusa) -- Os incêndios que deflagraram hoje no concelho de Gondomar deixaram uma marina, vários barcos, carros, casas e pessoas em perigo e o céu transformado numa nuvem gigante que ao fim da tarde cobria tudo de cinzas.

Foram tantas as frentes de fogo do incêndio que começou ao início da manhã e se concentrou sobretudo nas freguesias de Foz do Sousa e Covelo que, pelas 18:00, o comandante das operações de socorro, Elísio Oliveira, ainda não conseguia contabilizá-las, tal como aos meios e homens destacados para combater o fogo ou aos danos materiais e área ardida.

"Ficámos cercados de fumo e fogo, tivemos de abandonar a casa. Trouxemos a roupa do corpo e o carro, mais nada. Foi o pânico, nem é bom pensar no que passei. É para ficarmos traumatizados, isto apaga de um lado e acende do outro", disse à Lusa Adelaide Grilo, uma das pessoas da freguesia de Covelo que teve de abandonar a casa na rua do Carvalhal.

A mulher, de 53 anos, viu-se durante a manhã cercada pelas chamas e a meio da tarde andava outra vez com o coração nas mãos e os nervos à flor da pele porque o marido saiu do café da Associação Cultural de Leverinho para acudir aos populares que, com as próprias mãos, tentavam impedir o fogo que descia a encosta de chegar a uma casa ali ao lado.

Foi uma agonia também para a proprietária da habitação, Arménia Ramos, de 61 anos, quando, pelas 17:00, um vento mais forte acicatou as chamas encosta abaixo, em direção à casa, situada na rua do Carvalhal, mas também à associação e ao Pavilhão Gimnodesportivo Municipal do Covelo, no lugar de Leverinho.

"Onde é que está o bombeiro que disse que o fogo não chegava a minha casa?", indignava-se a filha, enquanto a restante família se dividia entre alertas e pedidos de ajuda aos bombeiros do posto de comando instalado ali ao lado e o combate às chamas com a ajuda de uma pequena mangueira e ramos de árvores.

Foi até ao limite o esforço, numa meia hora de angústia, o céu coberto de fumo, o ar irrespirável, e só quando a água começou a falhar e o fogo estava mesmo a chegar à casa é que chegaram os bombeiros para controlar a situação.

"Nesta vinha está plantado vinho de qualidade, Loureiro, e está tudo a arder agora que estava pronto a colher. E olhe o meu azar, estava em negócio para vender estes eucaliptos todos. Durante muito tempo os meus dois sobrinhos foram os únicos a apagar, não andava ali um único bombeiro", descreveu Arménia Ramos em declarações à Lusa.

"Para que te foste meter ali", perguntava uns minutos depois Adelaide Grilo ao marido coberto de cinzas, ainda uma pilha de nervos, antes daquilo tudo foi a casa e voltou devido ao alerta de que o incêndio andava outra vez a rondar o Carvalhal.

Cerca de duas horas antes, do lado de lá da rua 29 de julho, na lagoa da Lixa, Foz do Sousa, ardia a floresta toda quase até à água. Do outro lado do monte afligia-se toda a gente junto à marina da Lixa, que ficou envolva numa nuvem de fumo e faulhas enquanto as pessoas regavam barcos e carros ou os levavam para longe enquanto era possível.

Ao mesmo tempo, num cenário dantesco, as chamas desciam junto à rua de Reboredo até à estrada 29 de julho, bem próximo do comando operacional de Leverinho. Minutos depois era um perigo passar por ali, com pedras a deslizarem sozinhas pela terra queimada até ao asfalto.

A meio da tarde, com o fogo a reacender-se na serra das Flores, o concelho começou a ficar sem acessos, depois das chamas terem cortado a autoestrada e a estrada marginal, indicou aos jornalistas Fernando Paulo, vereador da Câmara de Gondomar, junto ao posto de comando instalado em Leverinho, próximo do Pavilhão de Covelo.

Pelas 18:00 as assistentes sociais recebiam a indicação de que podiam abandonar o local porque já não existiam casas em perigo, mas o céu continuou a ser cruzado por uma barulheira infernal de helicópteros e aviões.

O comandante operacional destacava, entretanto, vários bombeiros já muito enfarruscados e cansados para reconhecimento do terreno, e admitiu que o trabalho no concelho demoraria ainda muitas horas.

ACG // ZO

Lusa/fim

+ notícias: Norte

Ponte de arame entre Amarante e Celorico de Basto ficará pronta em junho

A empreitada da ponte de arame que ligará Amarante e Celorico de Basto, nas freguesias de Rebordelo e Arnoia, está a decorrer “a bom ritmo”, comunicou a Associação de Municípios Douro e Tâmega (AMDT) numa publicação na rede social de Facebook.

Homem de 72 anos detido por suspeitas de violência doméstica em Santa Maria da Feira

A Polícia de Segurança Pública (PSP) de São João da Madeira deteve um homem de 72 anos, na sequência de uma denúncia associada a um crime de violência doméstica, em Santa Maria da Feira, informou aquela força policial em comunicado de imprensa.

Falso procurador da Póvoa de Lanhoso paga prejuízo e livra-se de processo por burla

Um antigo funcionário judicial do Tribunal da Póvoa de Lanhoso que estava acusado de burla qualificada, por se ter feito passar por procurador, acabou por não ser julgado, porque, entretanto, reparou integralmente o prejuízo causado.