Bloquistas consideram presença de Passos Coelho "uma ofensa" à população de Bragança
Porto Canal / Agências
Bragança, 30 ago (Lusa) -- O Bloco de Esquerda (BE) considerou hoje "uma ofensa" à população de Bragança a presença do primeiro-ministro numa inauguração que os bloquistas classificam como "uma enorme ação de campanha do PSD paga com erário público".
O chefe do Governo, Pedro Passos Coelho, inaugurou hoje em Bragança os novos edifícios da Câmara Municipal com um almoço oferecido à população pela autarquia liderada pelo social-democrata Jorge Nunes, que está a terminar o último mandato.
O Bloco de Esquerda de Bragança esclareceu, em comunicado, que foi convidado para a cerimónia e que se fez representar pelo seu candidato à Câmara, Gil Gonçalves e à Assembleia Municipal, Luís Vale.
"Foi com surpresa e até estupefação que constatámos que esse momento de inauguração não foi mais do que uma enorme ação de campanha eleitoral do PSD, paga pelo erário público", relata o BE, acrescentando que no convite que recebeu "em nenhum momento era referida" a participação do primeiro-ministro.
Os bloquistas entendem a presença de Passos Coelho "como uma ofensa à população do concelho e da região", defendendo que o Governo PSD/CDS-PP "em nada tem beneficiado" esta zona do país, "muito pelo contrário, apenas ofensa atrás de ofensa".
"Não podemos pactuar com tais manifestações que em nada dignificam os políticos, os partidos e a própria democracia", lê-se no comunicado.
Também a candidatura do PS à Câmara de Bragança liderada por Júlio Meirinhos já tinha classificado esta "grande festa de inauguração" coma presença do primeiro-ministro como "uma clara, inequívoca e descarada ação de campanha".
"Há três anos que Passos Coelho está no Governo e não temos registo da sua vinda a Bragança para resolver qualquer problema que aflija a região. Nos últimos três meses, e depois de publicamente assumidas as candidaturas às Autarquias de 2013, esta é a segunda vez que o primeiro Ministro se desloca à capital de distrito", aponta.
O socialista decidiu não participar no evento alegando que não pode "receber bem e com todas as honras, como as regras da boa educação mandam e como os transmontanos tão bem sabem fazer, o homem que nas suas intenções e nas suas ações tem sido o grande responsável pela retirada de serviços na região, pelo bloqueio de obras, pelo atropelo de direitos dos trabalhadores, pelo total abandono do interior e daqueles que aqui vivem".
"Com Passos Coelho no Governo pararam as obras de construção do Túnel do Marão, terminaram as ligações aéreas de Bragança a Lisboa, tencionam retirar do distrito o helicóptero do INEM, retiraram o direito ao transporte aos nossos doentes que não tendo serviços nas suas localidades têm de se deslocar para Bragança, Vila Real, Porto, e pagar essa deslocação do próprio bolso", enumerou.
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